segunda-feira, 19 de julho de 2010

Morte de um "ser-amargo"




Com a idade de 87 anos, morreu na sexta-feira, 18 de Junho de 2010, nas Canárias Espanholas o escritor português José Saramago, Prémio Nobel da Literatura em 1998.
Ficou a saber-se que, por decisão do Governo Português, o Nobel vale dois dias de luto nacional e o direito ao pagamento, pelo erário público, da sua última vontade: a de que as suas cinzas ficassem em Portugal.
Feita pelo Governo a vontade a quem vivia voluntáriamente fora do País, continua injustamente por cumprir, nesta diferença de comportamentos, o repatriamento dos corpos dos militares portugueses que em serviço perderam a vida- quais Nóbeis da Pátria - e se encontram enterrados por essa África fora.
Filho de um polícia e neto de camponeses, era aluno de 11 a Português, como escritor, apesar da sua escolha de pontuação, chegou ao Nobel. Era um homem polémico, que não gozava de grandes simpatias, comunista militante, de poucos sorrisos, pessoa amarga e provocadora que despertava ódios conscientemente.
Sousa Lara, antigo subsecretário do Ministério da Cultura, comparou José Saramago " àquelas pessoas que podem dizer tudo, que podem fazer as coisas mais absurdas e as pessoas habituam-se a isso e não levam a mal"
Perdeu-se a oportunidade de se homenagear, os notáveis trabalhos literários de Ferreira de Castro, Miguel Torga, Fernando Namora, Mia Couto, entre outros...
Como tão bem diz o deu editor, Saramago viveu do lançamento comercial dos seus livros e considerou que nem Fernando Pessoa atingiu o seu patamar.
O jornal do Vaticano, o Osservatore Romano, definiu-o como um homem e um intelectual que não admitia metafísica alguma, aprisionado até ao fim na sua confiança profunda no materialismo histórico, o marxismo. Fala dos seus discursos que criticavam a Inquisição e as Cruzadas e criticam o seu esquecimento em relação aos gulags, das perseguições e dos genocídios, e dos samizdat (relatos dos dissidentes da época soviética), aludindo à sua falta de honestidade intelectual.
Saramago provocou a ira do Vaticano com a sua obra " O Evangelho segundo Jesus Cristo", e classificou a Bíblia como um "manual de maus costumes, um catálogo de crueldades e do pior da natureza humana" .
Por isso, na minha opinião, hoje rezar pela sua alma, será trair as suas convicções em vida.

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