quarta-feira, 8 de junho de 2011

Uma análise do crash 2008-2009


Não resisto a transcrever para esta minha caixinha dos segredos, um artigo brilhante de António Perez Metelo, que tem o título "Agora é connosco", e que resume de uma forma perceptível, e em meia dúzia de palavras, o que se passou no crash de 2008-2009 e que afectou todo o mundo.

" O espírito empreendedor e prático dos norte-americanos tem como contraponto a necessidade de saber ao certo o que explica que as coisas tenham corrido mal quando é esse o caso. Foi o que aconteceu com o rebentamento da bolha dos créditos hipotecários nos EUA em Agosto de 2007, tiro de partida para a Grande Recessão de 2008-2009, que se estendeu a todo o globo. Como já acontecera no rescaldo da Grande Depressão, iniciada no Outono de 1929, o Congresso dos EUA tratou de saber o porquê desta crise de dimensão global. Phil Angelides, presidente da Comissão de Inquérito à Crise Financeira, apresentou em Fevereiro de 2011, ao fim de um ano e meio de inquérito exaustivo, o relatório de 700 páginas e as suas conclusões, que hoje já parecerão muito inconvenientes:

1- Falhas generalizadas na regulação e supervisão financeira, devastadoras para a estabilidade dos mercados financeiros.

2- Falhas dramáticas na gestão de risco e das próprias empresas financeiras.

3- Empréstimos excessivos, investimentos arriscados e falta de transparência de um sistema financeiro em rota de colisão com a crise.

4- Falta de consistência na resposta do governo, aumentou a incerteza e o pânico nos mercados financeiros.

5- Quebras sistemáticas na responsabilização individual e na ética dos negócios.

6- Colapso dos critérios mínimos prudentes no mercado imobiliário e securitização maciça espalharam a crise.

7- Os derivados financeiros fora de balcão potenciaram a crise.

8- As agências de rating erraram muito e foram uma peça fundamental para a espalhar a destruição financeira

CONCLUSÃO: A crise financeira era evitável!

Analisar com rigor os factos passados, serve sobretudo para evitar a repetição de erros no presente e no futuro. Hoje, a crise deslocou-se do sector imobiliário para o financeiro, e deste para o comércio mundial, da quebra da procura global para a subida brusca dos défices públicos, e destes para a dívida soberana de vários países membros do Euro.
A pergunta que se impõe é se não estarão a repetir-se erros , omissões e distorções, na condução desta última fase da crise.
O Parlamento Europeu não deveria poder responder a esta questão?"

Sem comentários:

Enviar um comentário