terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Medo ancestral das mulheres



“A atitude depreciativa que muitos homens têm em relação às mulheres é uma tentativa inconsciente de controlar uma situação em que ele se sente em desvantagem; muitas vezes ele procura eliminar o poder da mulher, induzindo-a a agir como mãe.
Dessa maneira ele é liberto em grande escala do seu medo, pois na relação com a sua mãe quase todo o homem experimentou o aspecto positivo do amor da mulher.
Mesmo assim não está totalmente livre de apreensão, porque ao fazer com a que a mulher seja mãe dele, ao mesmo tempo torna-se criança e está portanto, em perigo de cair na sua própria infantilidade. Se isso acontece ele pode ser dominado por sua própria fraqueza, e uma vez mais deixa a mulher o poder da situação.
Consequentemente, a maioria dos homens aproxima-se de uma mulher com medo, não obstante seja um medo inconsciente, ou com a hostilidade nascida do medo ou, talvez, com uma atitude dominadora, para arrebata-la de um golpe. “

In, OS MISTÉRIOS DA MULHER
M. Esther Harding

O que explica a maior parte das aberrações sexuais do homem, assim como a sua misoginia e a violência doméstica, parte do flagrante exemplo das religiões que, no caso da religião católica, referem a Mulher Eva, como fonte do mal e do pecado, depois retiraram a imagem de Maria Madalena como companheira e discípula de Jesus, negando o seu papel preponderante nos Evangelhos, transformando-a deliberadamente em “pecadora” para fazer prevalecer a ideia de uma Deusa Virgem, como Mãe Imaculada...
Daí termos nos nossos dias ou uma mulher infantilizada, amputada da sua sensualidade e do seu poder pessoal, ou a mulher dividida em dois estereótipos, a santa e a pecadora, que se digladiam entre si (a esposa e a "outra", a nora e a sogra) e torna as mulheres em geral, rivais umas das outras...

A verdade é que o facto de o dogma católico ter separado logo à partida a sexualidade da espiritualidade, querendo associá-la exclusivamente ao instintivo, digo aos baixos instintos, e ao pecado, negando-a como uma expressão natural de ligação do ser humano com a Natureza e o Cosmos, o que deveria acontecer numa dimensão superior à mente racional e à matéria, numa visão transcendente, ela é hoje considerada apenas um aspecto do ser orgânico, desligada da espiritualidade que é por sua vez encarada como um mito pelos ateus ou um dogma pelos crentes. Deste modo, cavou-se um fosso e uma cisão ainda maior entre homens e mulheres e a expressão da sua sexualidade, impedindo-os de atingir uma plenitude a partir da base para cima, da Terra para o Céu e compreender que o que está em cima é igual ao de baixo …

A partir dessa cisão, até aos nossos dias as confusões da sexualidade, as suas variantes cada vez mais aberrantes, desde a violação, nomeadamente a violação sistemática das mulheres às sevícias e abuso de crianças em todo o mundo não parou de crescer. Os mais monstruosos casos que hoje em dia os midea em geral e a televisão divulga e que com a maior hipocrisia mostra espanto, são a prova disso sem que ninguém queira perceber que afinal é isso mesmo que o mundo mediático divulga todos os dias nos seus filmes de terror ealimentando as populações com essas monstruosidades...


Rosa Leonor Pedro

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