segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Nem eu, nem Outro


Pergunta – Como ter uma compreensão clara de coisas boas, por exemplo, de compaixão e generosidade? O Senhor estava falando que não existe um “eu” para sentir raiva, mas então quem é o “eu”’ que realiza atos de compaixão e generosidade?

Monge Genshô – O Bodhisattva tem compaixão, mas para ser totalmente iluminado não pode enxergar os outros seres. Não pode haver eu aqui e você aí, de quem eu me compadeço. A visão de um “eu” separado está dentro da segunda Roda do Dharma.

A primeira Roda é a da Virtude, onde existem regras, não faça o mal, pratique o bem etc.

A segunda é a Roda da “Mente de Bodhichita” onde o ser tem compaixão, mas ainda vê o outro.

Na terceira Roda existe a não dualidade, ou seja, entre mim e você não existe diferença, a compaixão já não se aplica.

Sob o ponto de vista teórico sua pergunta faz muito sentido e deveria ser respondida no âmbito da não dualidade, mas não conheço algum praticante Budista que pratique perfeitamente a compaixão, conheço muitos que tentam praticar a virtude, a palavra correta, a mente correta e os pensamentos corretos. Pessoas que mesmo tentando se comportar melhor, ainda têm uma profunda noção de si mesmos e têm pena dos outros, o que é diferente de compaixão.
Compaixão é não dualidade, é você realmente se colocar no lugar do outro, sentir a dor do outro, ser o outro, não existem outros seres, você e o outro são a mesma coisa a ponto de você nem sentir compaixão, pois não existem outros por quem se compadecer.
É paradoxal para uma mente não dual matar outros seres para comer seus pedaços, por exemplo. Conheço apenas praticantes no estágio da virtude com raríssimas excepções.



Aqui está uma das razões porque não sou Budista, apesar de me identificar muito com o Dharma.
Eu acho que não nos devemos alhear dos outros e da vida, e sermos apenas virtuosos.
Devemos ter uma acção participativa no Planeta e a nível humanitário.
Semm acções, sem atitudes, nada muda.
Vamos todos para o zazen, ficamos todos muito virtuosos, e fazemos de conta que os problemas do mundo e do planeta não existem...
Respeito quem vive assim mas, para mim existe muito mais do que isto!
Existe um Mundo lá fora!
Existem Pessoas!
Existem animais!
Que precisam de ajuda!
É preciso AGIR!

Tenho um entendimento relativo do ponto de vista de que, todos estamos implicados em tudo o que o outro faz, algo que encontramos na teoria do caos, mas a percepção clara de que não existe um outro, nem um eu,a não faz sentido para mim.

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