sábado, 19 de julho de 2014

FELICIDADE...



"A obrigação de ser feliz...
Diante do horror do mundo, temos de ser felizes...

Estamos aniquilando a melancolia.
Inventaram a ciência da felicidade.
Livros de auto-ajuda, pílulas da alegria, tudo cria um 'admirável mundo novo' sem bodes, felicidade sem penas.
Isto é perigoso, pois anula uma parte essencial da vida: a tristeza."

Ele continua:
"Não sou contra a alegria em geral, claro...
Nem romantizo a depressão clínica, que exige tratamento.
Mas sinto que somos inebriados pela moda americana de felicidade.
Podemos crer que estamos levando óptimas vidas simpáticas e livres quando nos comportamos artificialmente como robôs, caindo no conto dos desgastados comportamentos 'felizes', nas convenções do contentamento.
Enganados, perdemos o espantoso mistério do cosmos, sua treva luminosa, sua terrível beleza...
O sonho americano de felicidade pode ser um pesadelo.

O poeta John Keats morreu tuberculoso, em meio a brutais tragédias, mas nunca denunciou a vida. Transformou sua desgraça numa fonte vital de beleza.
As coisas são belas porque morrem - ele clamava.
A rosa de porcelana não é tão bela como aquela que desmaia e fenece.

A melancolia, a consciência do tempo finito é o lugar de onde se contempla a beleza.
Há uma conexão entre tristeza, beleza e morte.
Só o melancólico cria a arte e pode celebrar a experiência do transitório resplendor da vida...
A melancolia, longe de ser uma doença, é quase um convite milagroso para transcender o 'status quo' banal e imaginar inéditas possibilidades de existência.
Sem a melancolia, a terra congelaria num estado fixo, previsível como metal."

ARNALDO JABOR



A Felicidade não está nas coisas materiais, porque queremos sempre mais e mais, no entanto certas coisas materiais dão-nos verdadeiros momentos de felicidade.
Mais um paradoxo da vida...

Aos 34 anos, tinha tudo o que sempre quis...uma boa casa no campo, um bom carro, os meus cães, etc...e nunca me senti tão infeliz, por descobrir que a felicidade não estava ali onde a tinha procurado.
Foi um ano terrível, entre os 34 e os 35...até entrar em colapso.
Foi o despertar para muita coisa...para grandes lições.
Para mim, o desprendimento e a felicidade, é usar as "coisas" para a minha felicidade, e não deixar que a minha felicidade dependa dessas mesmas coisas...

Tudo o que a vida me pode tirar, não é verdadeiramente meu...portanto, é aproveitar a existência de certas coisas na minha vida, até chegar a hora de as perder...



"AMA TODAS AS COISAS COMO SE AS FOSSES PERDER. " 

Agustina Bessa-Luis

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