quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Roda do Ano



Roda do Ano é o calendário que simboliza a concepção de tempo dos pagãos e, principalmente a dos Celtas, e que era um tanto quanto diferente da actual, semelhante ao zodíaco.

Eles não viam o tempo de forma linear, mas circular, cíclico.

Seus calendários levavam em conta não só o ciclo solar, como é o nosso, mas também o ciclo lunar.

Originários da tradição celta, os Sabbats ocorrem oito vezes ao ano, levando-se em conta a posição da Terra com relação ao Sol: 
Equinócios e Solstícios. 

Nessas ocasiões, na Wicca, são homenageadas duas divindades: 
a Deusa Mãe, ou simplesmente a "Deusa", que simboliza a própria terra,
e o Deus Cornífero, O Gamo Rei, protector dos animais, dos rebanhos e da vida selvagem.

Já em outros ramos do Paganismo, outros Deuses são adorados, pois nem todos têm essas duas únicas figuras centrais.

Os Wiccanos celebram diversos festivais sazonais do ano, que são conhecidos como Sabás; estas reuniões são geralmente conhecidas como Roda do Ano e festejam as estações anuais e suas colheitas. 
Wiccanos mais ecléticos, ou até mesmo os adeptos do Gardnerianismo, celebram um conjunto de oito Sabás, enquanto em outros grupos, como o Clan of Tubal Cain, eles celebram somente quatro.
Os quatro Sabás que são comuns a todos esses grupos são conhecidos como cross-quarter day, e geralmente são referidos como Grandes Sabás. 

Sua origem provém dos antigos celtas da Irlanda, e possivelmente de outras regiões da Europa ocidental.
Nos livros The Witch-Cult in Western Europe (1921) e The God of the Witches (1933) da egiptologista Margaret Murray, interessada no histórico Culto Bruxo, ela afirma que estes quatro festivais de cristianização tinham sobrevivido e haviam sido celebrados na religião pagã de bruxaria.
Consecutivamente, quando a Wicca começou a se desenvolver na década de 1930 e na década de 1960, muitos grupos, como o de Gerald Gardner, adoptaram a comemoração desses quatro Sabás descritos por Murray.
Gardner fez uso dos nomes em inglês desses feriados, dizendo que "os quatro grandes Sabás são o Candlemass, May Eve, Lammas, e o Halloween; os equinócios e solstícios também são celebrados."

Os outros quatro festivais comemorados por grande parte dos wiccanos são conhecidos como Sabás Menores, que compreendem o solstícios e os equinócios, foram adoptados somente em 1958 por membros do coven Bricket Wood, antes de influenciarem e serem adoptados por outros membros da tradição de Gardner, e eventualmente a Tradição Alexandrina e o Dianismo.

Os actuais nomes desses feriados foram retirados dos festivais do paganismo germânico e do politeísmo celta.
No entanto, os festivais não são de reconstrução na natureza nem muitas vezes se assemelham a suas contrapartes históricas, em vez de exibir uma forma de universalismo.
As observações dos rituais podem mostrar a influência cultural dos festivais a partir dos nomes que tomaram, bem como a influência de outras culturas independentes.


Oito festivais:

Samhain  (vulgo Halloween)
31 de Outubro (Hemisfério Norte)
Origens Históricas: Politeísmo Celta
Associações: Morte e ancestrais

Este Festival marca o ano novo celta, assim como o início de uma nova Roda do Ano.
Samhain, o festival dos mortos, foi cristianizado como Halloween.
Essa é uma época de meditação e reflexão, sobre os ciclos da natureza, da vida e da morte.
Época de nos conectarmos com a energia dos nossos antepassados e de todos aqueles espíritos e seres que nos auxiliaram em nossa caminhada, pois é uma época em que, segundo a cultura pagã, o "véu entre os mundos" se torna mais ténue.


Yule
21 de Dezembro até aos primeiros dias de Janeiro
Origens Históricas: Paganismo
Associações: Solstício de Inverno e renascimento do sol

Yule é a época do Solstício de Inverno, quando a Criança do Sol renasce, a qual é uma imagem do retorno de toda nova vida através do amor dos Deuses.
Os escandinavos tinham um Deus chamado Ullr, e dentro da Tradição Nórdica, Yule é considerado o Ano Novo. Nas demais tribos e povos da Europa pré-cristã, o solstício de inverno era a mais antiga festa sazonal e dada sua importância foi sincretisado com as festividades do Natal Cristão.


Imbolc
1º de Fevereiro
Origens Históricas: Politeísmo Celta
Associações: Primeiros sinais da primavera.

Imbolc, também chamado Oilmec e Candlemas ("Candelária"), celebra o despertar da terra e o crescente poder do Sol. A Deusa é venerada em seu aspecto de Virgem da Luz e seu altar é decorado com galanto, que anuncia a primavera. É a festa da lactação, da bênção aos recém-nascidos, pois a Deusa amamenta o Deus renascido na forma de seu filho.

Hemisfério Norte: 2 de Fevereiro
Hemisfério Sul: 1o de Agosto
Também conhecido como Imbolc, Oimelc e Dia da Senhora, Candlemas é o Festival do Fogo que celebra a chegada da Primavera. O aspecto invocado da Deusa nesse Sabbat é o de Brígida, a deusa celta do fogo, da sabedoria, da poesia e das fontes sagradas. Ela também é deidade associada à profecia, à divinação e à cura.

Esse Sabbat representa também os novos começos e o crescimento individual, sendo o "afastamento do antigo" simbolizado pela varredura do círculo com uma vassoura, ou vassoura da bruxa, tradicionalmente realizado pela Alta Sacerdotiza do Coven, que usa uma brilhante coroa de 13 velas no topo de sua cabeça.

Na Europa, o Sabbat Candlemas era celebrado nos tempos antigos com uma procissão à luz de archotes para purificar e fertilizar os campos antes da estação do plantio das sementes e para glorificar as várias deidades e os espíritos associados a esse aspecto, agradecendo-lhes.

A versão cristianizada da procissão de Candlemas honra a Virgem Maria e, no México, ela corresponde ao Ano Novo Asteca.

Incensos: manjericão, mirra e glicínia. Cores das velas: marrom, rosa, vermelha. Pedras preciosas sagradas: ametista, granada, ônix, turquesa. Ervas ritualísticas tradicionais: angélica, manjericão, louro, benjoim, quelidônia, urze, mirra e todas as flores amarelas.



Ostara
21 de Março
Origens Históricas: Paganismo
Associações: Equinócio e começo da primavera.

Agora noite e dia são iguais.
Em Ostara o Sol aumenta em poder e a terra começa a florescer.
Na época do equinócio de primavera, os poderes da fase de armazenamento do ano são iguais aos da escuridão do inverno e da morte. Para muitos pagãos, o jovem Deus, com seu chamado de caça, mostra o caminho com dança e celebração.
Outros dedicam essa época do ano a Eostre, a Deusa anglo-saxã da fertilidade.

O inicio da primavera marca também a volta do Sol e uma época do ano em que dia e noite tem a mesma duração depois do inverno.
Para os wiccans é o despertar da Terra com sentimentos de equilíbrio e renovação.

Ostara, também conhecida como Eostre (Deusa Anglo-Saxã, que significa Deusa da Aurora) ou Easter (Pascoa, em inglês), pois a pascoa no hemisfério norte é realizado nesta época, são deusas da primavera, da ressurreição e renascimento e tem como símbolo o coelho. 

Uma das principais tradições desse festival é a decoração de ovos.
O ovo representa a fertilidade da Deusa e do Deus.
Outra tradição muito antiga é a de esconder os ovos e depois achá-los.(Talvez veio daí o costume dos Norte-americanos de esconderem os ovos de chocolate no dia da Páscoa para que as crianças os achem.) Mesmo os não wiccans sentem-se diferentes neste período, mais dispostos, comem menos, dormem menos e acordam mais cedo.
 Para os wiccanos também é época de começar a plantar, época do amor, de promessas e de decisões, pois a Terra e a natureza despertam para uma nova vida.



Beltane
1 de Maio
Origens Históricas: Politeísmo Celta
Associações: Pleno florescimento da primavera. Contos de fada.

Os poderes da luz e da nova vida agora dançam e movem-se através de toda a criação. A Roda continua a girar. A primavera dá lugar à primeira floração plena do Verão e os Pagãos celebram Beltane com a dança da fita, simbolizando o Sagrado Casamento entre Deusa e Deus.

Beltane, Beltain ou Bealtaine é um festival celta, ainda comemorado nos dias atuais, reconhecido nas comemorações da Festa da Primavera, mas que originalmente marcava o início do Verão.
É celebrado a 1 de Maio.
O Beltane é o mais alegre dos festivais celtas, onde os participantes dançam, e se alegram nas voltas da fogueira.
Oposto ao festival Samhain, o Beltane é um festival da fertilidade, simbolizando a união entre as energias masculina e feminina, a fertilidade da terra e os fogos do deus celta Belenos, e toda sua energia e luz.
Durante o festival, eram acesas fogueiras nos topos dos montes e lugares considerados sagrados, sendo um ritual importante nas terras celtas. E como tradição, as pessoas queimavam oferendas como, por exemplo, totens para que o poder do fogo fosse passado ao rebanho e, pulavam as fogueiras para que se enchessem das mesmas energias poderosas. 
Representa o início do Verão e marca a morte do Inverno, sendo comemorado com danças e banquetes.

Em Portugal, a Festa das Maias é um vestígio desse festival celta.
Ocorre em 1 de Maio no Hemisfério Norte e 1 de Novembro no Hemisfério Sul.

Na obra "As Brumas de Avalon" de Marion Zimmer Bradley, é relatada a festividade, mas deve se lembrar que em épocas remotas a sexualidade dispunha de um lugar de destaque e de pouco pudor, pois como mencionam-se em muitos textos, é a celebração da fertilidade. A fertilidade nesta celebração consta como o desabrochar da Primavera, com o abrir das flores, as sementes e a vida da prole considerada no Reino Animal.
Uma festa que deve ser regada de muita alegria, com danças, coroas de flores e um banquete que valoriza os alimentos da época e principalmente a fogueira, ou algo representando o fogo.
Para que possamos deixar que este elemento livre-nos das doenças e que reinicie a vida, na forma primordial, simples e pura.
 Muitos grupos que seguem a espiritualidade céltica ainda celebram este festival, assim como o outro.


Litha
21 de Junho
Litha ou Solstício de Verão.
O Deus em seu aspecto de luz está no auge de seu poder e é coroado como o Senhor da Luz.
É uma época de fartura e celebração.

Litha marca o primeiro dia do verão e se situa entre Erelitha e Afterlitha no calendário germânico antigo e um dos oito sabás neopagães.
O termo é usado especialmente no calendário Asatru.
Ocorre no Hemisfério Sul em 21 de Dezembro e 21 de junho no hemisfério norte.
É o momento em que o poder do Sol chega ao seu ápice e as flores, folhagens e gramados encontram-se lindos e abundantemente floridos e verdes.

Muitos dos círculos de pedra, como o Stonehenge, e dos monumentos pré-célticos estão alinhados com o nascer do Sol Após a união da Deusa e do Deus em Beltane, O Deus está adulto, um homem formado, e tornou pai - dos grãos.

Em sua plenitude, ele traz o calor do verão e a promessa total de fertilização com o sucesso do enlace feita com a Deusa. Sendo o auge do Deus, também prenuncia o seu declínio, nesse momento o Deus, após cumprir a sua função de fertilizador, dá seu último beijo em sua amada e caminha ao país do Verão (Outro Mundo), utilizando o Barco da Morte para morrer em Samhain.

Em algumas tradições festeja-se a despedida do reinado do Deus do Carvalho (Senhor do Ano Crescente) e o início do reinado do Deus do Azevinho (Senhor do Ano Decrescente) que durará até Yule.

Este é o único Sabbat em que às vezes se fazem feitiços, pois acredita-se que seu poder mágico é muito grande.
Há uma infinidade de lendas e ritos que envolvem a noite do Solstício de Verão:
Um dos costumes mais populares na Europa e Norte da África é a colheita de ervas medicinais e mágicas nesse dia. Acredita-se que a plenitude da força do deus está impregnada nessas ervas e contém todo o poder sanador e mágico para a cura de doenças. O visco e o basílico, como outras muitas ervas, são colhidos ritualisticamente e usados para preservar a energia nos tempos frios em encantamentos e sortilégios.
Banhos purificadores e curas milagrosas são realizados nas noites mágicas em fontes, rios e cachoeiras.
Acredita-se também que tudo aquilo que for sonhado, desejado ou pedido na noite de Litha se tornará realidade.
Os antigos Povos da Europa acreditam que, nessa noite, criaturas mágicas andam correndo pelos campos e florestas e poderiam facilmente ser vistos e contactados.
É costume dar continuidade a grande fogueira de Beltane, como também pula-la para se livrar dos infortúnios e da negatividade. Tradicionalmente essa fogueira é acesa com gravetos de abeto e carvalho, duas árvores consideradas mágicas pelos neopagães.



Lammas
1º de Agosto
Origens Históricas: Politeísmo Celta
Associações: A colheita de grãos

Lammas, também chamado Lughnasadh, Festival da Primeira Colheita. 
É o tempo da colheita do trigo, quando os Pagãos colhem o que plantaram, quando celebram os frutos do mistério da Natureza.

Em Lammas, os Pagãos dão graças pela generosidade da Deusa em seu aspecto de Rainha da Terra. Esse sabá, que ocorre entre o Solstício de Verão (Litha) e o Equinócio de Outono (Mabon), festa da primeira colheita, uma época de agradecimento aos Deuses por tudo o que colhemos. 
Agradece-se ao que foi bom e também ao que pareceu ruim, pois na religião Wicca crê-se que tudo o que acontece na vida faz parte no caminho evolutivo de cada um.

O nome Lughnasadh veio duma festa agrícola típica dos Céltico.
Uma festa da colheita em honra ao deus céltico do Sol: Lugh (o maior guerreiro dentre os celtas, pois derrotou os gigantes que exigiam sacrifícios humanos). Já o nome Lammas significa "Missão do Pão (loaf Mass)", que representa o alimento (geralmente pão ou bolo ou qualquer outra massa) feito com os grãos, que representam a colheita, e repartido (como alimento sagrado) entre os membros do coven ou da família ou mesmo entre amigos. 

Este nome vem do costume medieval de levar os primeiros pães (bolos, etc) para uma celebração. Além da tradicional "Massa de Lugh", segundo a tradição da religião Wicca, nessa época são feitos bonecos de palha (de milho ou trigo) representando os Deuses, chamados de Senhor e Senhora do Milho.
Esses bonecos são tidos como amuletos de protecção durante todo o ano, até o próximo Lammas, onde são queimadas na fogueira ou no caldeirão.
Na fogueira, os bonecos de milho do ano passado, juntamente com papéis contendo agradecimentos aos Deuses, são queimados; isso ocorre como uma maneira de lembrar aos wiccanos de que devemos queimar o passado e utilizá-lo como combustível para o nosso futuro.

As noites já começaram a ficar mais longas, desde o Solstício de Verão; aproximando-se a época da partida do Deus para a Terra do Verão, deixando a sua própria semente no ventre da Deusa, de onde renascerá (mantendo o eterno ciclo do nascer-morrer-renascer).



Mabon
21 de Setembro
Associações: Equinócio de Outono. Colheira de frutas.

Mabon, Lar da Colheita ou Festival da Segunda Colheita.
No equinócio de outono dia e noite tornam-se iguais.

À medida que as sombras aumentam, os Pagãos vêem as faces mais sombrias de Deus e Deusa.
Para muitos, esse rito honra a velhice e a aproximação do inverno.
Esse sabbat (Sabá no Brasil), que ocorre entre o Primeiro festival da colheita (Lughnasadh) e o Ano novo pagão (Samhain), marca o início do outono, dia santo pagão de descanso da colheita e comemoração, uma época de agradecimento aos Deuses por tudo o que foi colhido e caçado. 

É uma época de equilíbrio, onde o dia e a noite têm a mesma duração.
Este é o dia de acção de graças do paganismo.

Data onde os pagãos honram o Deus em seu aspecto de semente e a Grande Mãe em seu aspecto de Provedora. 

O nome Mabon veio de um deus Celtas (também conhecido como Angus), o Deus do Amor. Esta é a ocasião ideal para pedirmos por todos aqueles que amamos, além de todos os que estão doentes ou velhos.

É tradição reunir os amigos para um jantar, a fim de celebrar a fartura e comemorar as conquistas. Também é costume retirar um tempo para dar uma atenção à sua casa, como consertar objectos estragados, restabelecer os estoques ou simplesmente fazer uma faxina.
É comum em algumas tradições realizar uma bênção na casa no dia de Mabon.
As noites já começaram a ficar mais longas, desde o Solstício de Verão; aproxima-se a época da partida do Deus para a Terra do Verão, deixando a sua própria semente no ventre da Deusa, de onde renascerá (mantendo o eterno ciclo do nascer-morrer-renascer).



Fecha-se o Ciclo
A Roda gira e volta a Samhain.


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