terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Como um Lobo



Uma mulher saudável assemelha-se muito a um lobo;
robusta, plena, com grande força vital, que dá a vida, que tem consciência do seu território, engenhosa, leal, que gosta de perambular.
Entretanto, a separação da natureza selvagem faz com que a personalidade da mulher se torne mesquinha, parca, fantasmagórica, espectral.
Não fomos feitas para ser franzinas, de cabelos frágeis, incapazes de saltar, de perseguir, de parir, de criar uma vida.
Quando as vidas das mulheres estão em estase, tédio, já está na hora de a mulher selvática aflorar. Chegou a hora de a função criadora da psique fertilizar a aridez.
Aproximar-se da natureza instintiva não significa desestruturar-se, mudar tudo da esquerda para a direita, do preto para o branco, passar o oeste para o leste, agir como louca ou descontrolada.
Não significa perder as socializações básicas ou tornar-se menos humana.
Significa exactamente o oposto.
A natureza selvagem possui uma vasta integridade.
Ela implica delimitar territórios, encontrar a nossa matilha, ocupar o nosso corpo com segurança e orgulho independentemente dos dons e das limitações desse corpo, falar e agir em defesa própria, estar consciente, alerta, recorrer aos poderes da intuição e do pressentimento inatos às mulheres, adequar-se aos próprios ciclos, descobrir aquilo a que pertencemos, despertar com dignidade e manter o máximo de consciência possível. 


CLARISSA PINKOLA ESTES
in, Mulheres que Correm com Lobos 
pág 26


Sem comentários:

Enviar um comentário