domingo, 11 de janeiro de 2015

............memória da célula



Ao longo da sua vida a Alma vai tendo diversas experiências em várias personagens diferentes, para evolução e seu crescimento.
Neste universo onde estamos inseridos encontramo-nos com padrões de experiência em que somos agressores, outros em que vivemos simplesmente como espectadores da vida, alguns talvez como apreciadores da mesma usufruindo simplesmente desta bela experiência e noutros ainda vivenciando a vida como vítimas dela.

Estes padrões permanecem como hábitos difíceis de sair da memória da célula, nascem connosco fazendo parte de nós, respiram quando nós respiramos, identificando-nos totalmente com eles simplesmente inconscientes das realidades que criámos. 
Não existem obra do acaso e, não foram padrões despertados a não ser por nós.
São, no entanto, realidades que passam às vezes de pais para filhos ou de avós para netos…
Funcionam às vezes como subpersonalidades separadas, como entidades que fazem parte da nossa família.
Alimentam-se de nós e talvez nós delas…
Atraem circunstâncias inerentes, energias dissonantes, bloqueios na vida, afectam-nos na saúde, na nossa evolução, influenciando o nosso carácter.

O ser humano é também na realidade um predador que julga ser o último duma cadeia alimentar… esquecendo-se que para o Universo nada é bom ou mau e que tudo funciona pela lei da atracção.
O padrão de vítima será aquele que mais se manifesta na nossa sociedade humana, fazendo parte da cultura, da educação, religião e família.
Este estado de ser tem-se desenvolvido e cultivado tal como uma erva daninha que cresce e destrói o nosso jardim e a dos vizinhos.
Foi alimentada pela educação e cultura dos povos, cultivada por guerras ancestrais e por crenças, leis, regras e religiões que procuravam a existência de culpados para os males do mundo.
Na realidade, a vítima é um predador disfarçado que procura recompensa por algo em que foi afetacdo.
Alimenta muitas vezes uma raiva não expressa que corrói o ambiente onde vive, trazendo até mesmo para o próprio indivíduo a doença - seja ela espiritual, psíquica ou física.

É também veículo para um vampiro moderno, disfarçado por detrás dum sorriso trocista que olha para todos os que o rodeiam e, que inicia a sua existência dentro da sua própria família. 
São exemplo disso um filho que não aceita a falta de amor do pai, ou o pai que perdeu a sua própria mãe ainda em criança, passando o padrão de falta de amor de geração em geração, indefinidamente por cenários diferentes… trazendo consigo a mesma insatisfação ou carência, o medo da perda, a não-aceitação dum passado e… a personalidade de vítima, projectando-a mais tarde na sua vida em vários aspectos.
São inúmeras as situações que nascem no seio familiar tal como estas…

A vítima projecta-se no que crítica, no sarcástico, no guerreiro ferido…
Encontra-se no pobre ou no rico invejoso, naquele que canta o triste fado, no maldizente ou no azarento. Está sempre naquele que já não acredita ou que simplesmente não responsabiliza e não sabe dizer não…

Existe no incansável ajudante que a todos quer salvar mas que o faz por sacrifício não olhando para si.
Na mulher que sente que dá demais ou do espiritualista que renega, que critica a sua existência.
No culpado não-merecedor.
Está por detrás daquele que não aceita a sua vida na Terra ou que se considera demasiado superior para viver neste planeta.
Também no que julga Deus estar separado de si próprio, ou naquele que O considera culpado pelos acontecimentos que o próprio homem escolheu.
Também naquele que não aceita o destino passado, perdendo a esperança num melhor futuro…
Existe no arrogante, no presunçoso, naquele que se sente infeliz.
Também no indivíduo ciumento, naquele que quer controlar o outro.
No que agride directa ou indirectamente, seja por pensamentos, palavras ou acções.
Existe no que não aceita os pais que teve, o país onde vive, a vida ou o trabalho que tem…
ou naquele que só trabalha por obrigação, arrastando-se no cansaço de viver, entre a raiva pela responsabilidade do que faz e o medo de não conseguir cumprir…
Está naquele que não se aceita.
Esconde-se por trás da mentira, pois a vítima tem uma baixa autoestima escondida e vive com medo - que possam reconhecer as suas fragilidades, as suas emoções, às vezes medo até da sua própria mentira, do seu lado negro, da vergonha do que poderia sentir se descobrissem quem ele é: um ser frágil, incompleto, às vezes triste, inseguro… num corpo humano.

Na nossa existência esquecemo-nos que somos vítimas de nós próprios, dos nossos medos e inseguranças, confundimos os nossos pensamentos com a de outros e as suas subpersonalidades ou intenções com as nossas. 
Somos simplesmente Almas que se esqueceram de responsabilizar pelo seu próprio poder… porque não sabem quem na realidade são.

Mas sim... somos nós… vivemos também entre predadores e vampiros alimentando-os, acabando muitas vezes por sermos iguais a eles.
Estamos neste laboratório que é o tempo para a grande transformação e que fomos nós que o construímos, podendo ser nós também que o desactivamos.
Ninguém está de fora ou separado.

Alguns perdem-se no tempo e esquecem-se de quem são, mas tudo faz parte do mesmo processo… Na crise existencial tudo está onde deveria estar e não existem culpados, mas só experiências das quais fazemos parte.

Sim, sou eu e tu… somos nós.
Falta só aceitarmos que existimos para poder mudar – e isto inclui aceitar o passado, seja ele qual for. A culpabilidade destrói a criatividade, o nosso lado espiritual… bem como o Amor dentro de nós. Falta só reconhecer-nos naquilo que somos - a nossa verdadeira Essência...
… e sim, ficar gratos por existirmos.

Benjamim Levy

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