quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O problema é de todos nós



O problema não são os governos, governantes, ministros, deputados, políticos, sistema financeiro, ou o diabo a quatro que, em alturas de parangonas de jornais com detenções bombásticas, nos lembramos de arranjar como bode expiatório para culpar pela decadência a que este regime assente numa limitada e promíscua democracia representativa chegou.

O problema é de todos nós quando nos alheamos de participar na vida pública.
O problema é de todos nós quando aceitamos perder a nossa soberania depositando um rectângulo de papelinho numa urna de x em x anos, e limitando-nos posteriormente a criticar de sofá o governo na eventualidade do "nosso" partido ter perdido, ou arranjar desculpas para os erros dos governantes no caso do "nosso" partido ter ganho.

O problema é de todos nós quando seguimos a teoria do mal menor e aceitamos ser subjugados aos desmandos de meia dúzia de oportunistas.

O problema é de todos nós que criticamos o sistema mas dele não pretendemos desistir por ignorância ou por esperança que dele num dia possamos tirar proveito.

O problema é de todos nós quando pensamos que "com o problema dos outros posso eu bem".

Pois a solução não aparece enquanto nos ajustarmos a uma sociedade profundamente doente.
A solução não vem com rótulos partidários quaisquer que eles sejam.
O poder corrompe.
A solução está em cada um de nós, não separados de todos os outros, humanos, não humanos, natureza.
Não nos limitemos a regozijar pelo facto dos outros estarem detidos.
Lamentemo-nos antes pelo facto de sermos cada um nós quem está preso.
Com amarras invisíveis, mas mais fortes que grilhões de metal.

Mauricio Pereira

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