segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

O Sacrifício

Dos tempos antigos ligados a dogmas, crenças, rituais religiosos - bárbaros ou não, de diferentes locais longínquos dos sete cantos da Terra onde se adoravam deuses ou onde seres humanos cegos, surdos e mudos procuravam ser ouvidos nos seus infindáveis pedidos aos senhores do céu, talvez na necessidade de acalmar ou agradar as forças divinas, se realizaram as práticas ancestrais dos rituais de sacrifício.



Também dos locais onde se praticava a bestialidade, das entranhas dos circos tal como na antiga Roma, dos servidores dos deuses da guerra, dos viciados da Babilónia, dos idólatras ou dos culpados flagelados surgiram essas mesmas antigas práticas ritualísticas que se mantiveram, às vezes com diferentes formas, ao longo dos tempos até aos dias de hoje.

Tal como um miasma que permanece geneticamente no sangue do ser humano fazendo surgir novas doenças nos seus descendentes, o sacrifício do homem tem-se arrastado, permanecendo muitas vezes adormecido por séculos e séculos entre diferentes gerações, aparecendo muitas vezes disfarçado por novos costumes na sociedade em que vivemos, consumindo pessoas, famílias, multidões, fazendo parte dos fantasmas que se alimentam do mesmo com regras fixas, auto-obrigações, sofrimento, dificuldades ou padrões baseados em conceitos sem explicação…

Porque será assim?

O sacrifício permanece aonde existe o peso do sofrimento contínuo, tal como uma responsabilidade que é feita pelo dogma da obrigação, por necessidade, também na crença do pobre - do que acredita ter falta de abundância, no estigma do que sempre foi, é e há-de ser assim, naquele que se sacrifica pelo outro anulando-se não sabendo dizer que não, no que idolatra os deuses dando-lhes a sua própria vida e energia, anulando o seu potencial. Também no que venera os familiares dando-lhes tudo o que tem esquecendo-se de si, da sua missão na terra – que também é responsabilizar o outro permitindo que ele experiencie a sua própria existência.

No sacrifício permanece a vítima, aquele que não acredita que veio para usufruir, para dar e receber de igual forma, ou para estar simplesmente com a sua Essência. Existe no que se arrasta dia após dia na dor, no sofrimento, no cansaço, às vezes sem falar pois tornou-se mudo - já não sente, mas no íntimo anseia partir para um mundo diferente ou uma vida melhor - talvez um céu cheio de anjos, onde um deus redentor o espera para o compensar.

O sacrifício está naquele que já não se questiona quem ele é, que já não ouve o corpo, no que desistiu, no resignado, ou naquele que não se manifesta, no que não grita a sua raiva, a sua revolta – a qual permanece com ele tal como um fogo que o consome, ou um vulcão que só explode através da doença ou mesmo da loucura, tal como uma esquizofrenia que o leva a tudo destruir…

O sacrificado é um carente, precisa muito de ser aceite, anseia ser amado. No seu desvario de vítima anula-se pelo outro, a sua auto-estima é baixa, o seu auto-valor também se perdeu em algum lado, pois ele veio para servir, para ser submisso. É na realidade ainda uma alma muita aberta, que veio para aprender o conceito da individualidade, precisa ainda crescer…

Bem no fundo ele vive em pânico inconsciente pois o seu acto de sacrifício é iminente. Sente que a qualquer momento pode ser chamado para essa tal missão, que um dia vai ser a sua vez e isso mete-lhe medo… embora pense que o deva fazer por honra, por ser responsável, ou para ter valor.

Nem se apercebe que se tornou num robot, não pode pensar por si. Tal já não lhe é permitido. Ele veio para a terra para prestar serviço a um deus qualquer. Este planeta é uma lápide de sacrifício e nada mais.
Está a ser alimentado (por animais que foram sacrificados) simplesmente para o “grande dia” em que morre… e depois tudo acaba finalmente. Tornou-se igual ao próprio animal que se alimenta – tem os mesmos medos, vive na mesma prisão, sente a mesma carência, a mesma dor. Às vezes tem vislumbres em que desespera como um simples animal encurralado - pronto para ir para o matadouro, mas nem compreende porquê - talvez seja melhor nem pensar as razões.
A vida para ele é uma cabra (sacrificada), na qual um dia tudo irá terminar…

Como poderia a sua auto-estima ser alta?

Benjamim Levy 


De onde nasce a violência interna?...
Nasce a partir da vitima que nada faz para mudar o comportamento de sacrificio e resignação... alimenta um instinto interno recalcando os seus verdadeiros sentimentos, não assume a responsabilidade da verdadeira qualidade que o momento lhe está a oferecer para se libertar de alguma culpabilidade que a leva a ter sempre a atitude de sacrificada...
Estes próximos dias vão ser de uma reactividade do que estiver recalcado, de estados de frustração se não sairmos da vitimização que busca sempre um culpado... 
Auto cura da violência que geramos para nós, na nossa evolução enquanto seres encarnados na terra...
Agora atenção, pois a verdadeira qualidade deste momento está em observar a nossa reactividade projectada fora...
Sentir como ela se transforma em revolta pura quando já não tem como ser controlada...
Claro que isso requer limpeza da culpa, mas responsabilidade da nossa reacção , sendo sensiveis a nós e aos outros, onde estamos a despejar a nossa zanga...
Essa zanga foi sendo acumulada desde criança, por tudo o que não recebeu, não foi nutrida e vamos projectar isso em quem está agora na nossa esfera intima de relações quotidianas...
Esta é a verdadeira responsabilidade a sentirmos...
Onde estamos a projectar a nossa raiva recalcada e acumulada em cima dos outros...
Pois ela nestes próximos dias vai sair...
Apegos autistas ...
Deveremos aceitar assumir a responsabilidade de nos auto curarmos...
Fomos nós que acumulamos zangas e tristezas por não poder manifestar o que sentíamos...
Fomos nós que permitimos e participamos igualmente nesse processo e só um dia nos pacificaremos quando assumirmos que somos seres em evolução colectiva e que vimos de crenças , paradigmas , estruturas ancestrais que nos ensinaram o sacrifício...
Então atenção , equilibrio passa por contactarmos com transparência com esse processo violento interno que nos submetemos...
Fomos e somos os responsáveis, sintam se nos próximos dias com esta sensibilidade isenta de culpa e olhem-se a reagir, a projectar nos outros as vossas feridas......
Isto é a verdadeira auto cura...
Mais uma etapa...
Criem essa intimidade com o vosso ser que está prisioneiro dentro de vós, observem se anulam ou projectam ...
Queremos vida nova a vibrar em nós?
Então silêncio a sentir a violência que ainda transportamos...
Cada um que criar este campo de transparência sem medo de olhar para o que projecta e recalca, vai estar a contribuir para a cura planetária ...
O Sacrificio é a ferida ...
A Aceitação do que ainda nos move é a cura...
Vamos crescer muito se assim integramos , iremos criar equilibrio no nosso ser, no planeta , no cosmos...

Ruth Fairfield

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