domingo, 1 de fevereiro de 2015

Pionaises



- Acabo de fazer um mapa dos lugares, ou melhor, dos países, onde estive, um dia que fosse.

- Boa cena. Deixa-me cá ver se nos cruzámos.

- Deve haver uns quantos que me escapam, e nunca vou saber o nome de todos os lugares que pisei, ou as terras de ninguém.

- És um coleccionador de Mundo?

- Nem de mundos nem de nada, embora não me acreditem.
Vale o mesmo para o amor.
Sou um sensualista, um apaixonado, um idealista.
Gosto de me sentir atravessado, como gosto de me sentir tocado e abraçado com a sensação de que quem me está a tocar ou a abraçar se quer demorar em mim.
Deve ser por isso que penso nos países como gente, que nos acolhe ou enxota, onde passamos como estrangeiros ou onde nos sentimos em casa.

- És um lírico, mas fica-te bem. Eu cá sou uma viajante de toca e foge, fruto da natureza do meu trabalho, mas como sou intensa, uma tarde pode valer por um mês.

- Olhai o lírico no campo (ri-se)… pois este lírico, idiota, e essas coisas está capaz de fazer um levantamento mais significativo que é este: porque fui aonde fui ou quero ir aonde estou a pensar ir, por exemplo, aos confins do mundo.
Não vou dizer já, mas me aguardem.
No fundo o que me move e não só porque me movo, porque esta é a minha forma de ganhar a vida no sentido lato, de passar pela vida em andamento e ver quem são os bons companheiros para a Viagem.
Topas?


Tiago Salazar

Sem comentários:

Enviar um comentário