sábado, 18 de abril de 2015

Shangri-la...Shambhala



Shambhala, Shambala, Shamballa ou Sambala é um local místico citado amiúde em textos sagrados e presente em diversas tradições do Oriente. Depois da divulgação do termo no ocidente tornou-se conhecida em círculos esotéricos e penetrou até a cultura popular.

No budismo tibetano, Shambhala é um reino mítico oculto algures na cordilheira do Himalaia ou na Ásia central, próximo da Sibéria. É mencionado no Kalachakra Tantra e nos textos da cultura Zhang Zhung, que antecedeu o Budismo no Tibete ocidental. A religião Bön o chama de Olmolungring.

Shambhala significa em sânscrito "um lugar de paz, felicidade, tranquilidade", e acredita-se que os seus habitantes sejam todos iluminados.

Shambhala também é associada ao império histórico Sriwijaya, onde o mestre Atisha estudou sob Dharmakirti e recebeu a iniciação Kalachakra. Também é considerada a capital do Reino de Agartha, constituído, segundo as cosmologias do taoismo, hinduísmo e budismo, por oito cidades etéricas.

Entre os hinduístas o nome é mencionado nos Puranas como sendo o lugar de onde surgirá o avatar Kalki, que libertará a Terra das forças disruptivas e restabelecerá a Lei Divina.

Como outros conceitos religiosos, Shambhala possui um significado oculto e um manifesto:
A forma manifesta tem Shambhala como um local físico, embora só podendo ser penetrado por indivíduos cujo bom karma o permite.
Estaria em algum ponto dos Himalaias ou deserto de Gobi, ladeada pela China a leste, Sibéria ao norte, Tibete e Índia ao sul, Khotan a oeste.
A interpretação oculta diz que não é um lugar terreno, mas sim interior, comparável à Terra Pura do Budismo, de carácter mental e moral, ou a um estado de iluminação a que toda pessoa pode aspirar e alcançar.

Segundo os ensinamentos escritos e orais do Kalachakra, transmitidos ao explorador Andrew Tomas por Khamtul Jhamyang Thondup, do Conselho de Assuntos Religiosos e Culturais do Dalai Lama (em exílio na Índia desde a ocupação chinesa comunista de 1950 no Tibete), a aparência de Shambhala variaria segundo a natureza espiritual do observador:
"por exemplo, certa ribeira, pura e simplesmente a mesma, pode ser vista pelos deuses como um rio de néctar, como um rio de água pelos homens, como uma mistura de pus e sangue pelos fantasmas esfomeados, e por outras criaturas como um elemento no qual se vive"





Shambhala, Inspiração para a criação literária do inglês James Hilton "Lost Horizon" (1925), passa a ser também conhecida e referida como Shangri-la!

Shangri-La, Xangri-lá ou Shangrila é uma esfera mágica, própria do universo da imaginação, criada pela mente genial do escritor James Hilton, na sua obra Horizontes Perdidos. 
Este ponto mágico estaria supostamente localizado nas cadeias montanhosas dos Himalaias, junto a paisagens deslumbrantes, num ambiente de completa paz e harmonia, inimagináveis para nós, humanos.
Lá o tempo parece não passar como no restante Planeta, eternizando-se numa atmosfera de intensa felicidade, com a convivência harmoniosa entre pessoas das mais diversas procedências... As pessoas não envelhecem neste refúgio onírico.



O livro que deu origem a este mito foi lançado em 1925, inspirando assim idealistas, exploradores, viajantes, entre outros, a procurar este recanto misterioso. Provavelmente este paraíso perdido foi criado com base num local do Tibete conhecido como Diqing. Esta localidade tibetana está inserida numa área montanhosa repleta de lagos, na província de Yunnan, sudoeste da China. Com o sucesso da obra inspirada nesta região, ela passou a ser conhecida também como Shangri-la, transformando-se assim num famoso pólo turístico.

No idioma próprio do Tibete, Diqing tem o sentido de ‘região auspiciosa’, na qual convivem 26 diferentes etnias. O Planeta só soube da sua existência depois do lançamento do livro Horizontes Perdidos. Em busca do refúgio mágico, muitos encontraram este recanto tibetano, identificando-o como o local narrado na obra de James Hilton, pois lá encontraram todos os elementos descritos pelo autor na caracterização de seu Éden particular.
No ano de 2001 a capital de Diqing foi oficialmente baptizada de Shangri-la.

O sucesso desta história foi tão surpreendente, talvez por atender aos anseios de um mundo mergulhado em conflitos, guerras, miséria, abalado pela quebra da Bolsa de Nova York, desestabilizado política e militarmente. Este cenário deprimente encontrou na imagem de Shangri-la, com certeza, o Éden tão sonhado.

A repercussão foi tão intensa, que logo bandas musicais e grupos adeptos da Teosofia, bem como centros de lazer em toda a Ásia e a América adoptaram este nome para seus empreendimentos. O Ocidente foi invadido por filosofias, concepções, ideias religiosas, e outros elementos vindos do Oriente, justamente por influência desse mito.



Num cenário paradisíaco, localizado entre montanhas de gelo do Tibet, o escritor inglês James Hilton, nascido no dia 9 de Setembro de 1900, e morto em 20 de Dezembro de 1954, posicionou um grupo de pessoas das mais diversas nações, convivendo livremente, sem autoritarismo, comedidamente, com total equilíbrio.

Neste local ideal, a magia é fruto da coexistência pacífica, da igualdade entre as pessoas. 
Hilton levanta uma questão importante no seu livro: 
O homem está preparado para viver neste abrigo oculto? 
Ele já se encontra espiritualmente amadurecido para exercitar a paz e a fraternidade? 
Para abrir mão de suas ambições?

Shangri-la será sentido pelos visitantes ou como a promessa de um mundo novo possível, no qual alguns escolhem morar, ou como um lugar assustador e opressivo, do qual outros resolvem fugir.
O romance inspira as duas versões cinematográficas nas décadas seguintes.

No mundo ocidental, Shangri-la é entendido como um paraíso terrestre oculto.


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