terça-feira, 23 de junho de 2015

.............não podemos pedir ao corpo que nos dê felicidade



Desapego em relação ao corpo não é sermos descuidados ou indiferentes com ele. 
O olhar desapegado consiste em ver o corpo como ele é. 
Assim podemos apreciar a incrível criação que é o organismo humano, com suas miríades de células, tecidos e órgãos, sistemas, funções e capacidade de se adaptar.

Podemos igualmente apreciar o corpo como palco de todas as experiências, todas as acções, todos os seus frutos, todas as emoções e vivências que fazem uma vida humana valer a pena. Podemos, por exemplo, nos maravilhar com o inexplicável efeito que a música tem sobre o nosso coração. Podemos desfrutar da beleza estonteante das forças da natureza e das formas da criação usando os cinco sentidos. Podemos viver a amizade, o amor, a solidariedade e a gentileza.

Porém, não podemos pedir ao corpo que nos dê felicidade. 
A razão disto é simples: ele não consegue fazer isso.
O corpo não pode nos dar felicidade, da mesma forma que nenhuma experiência centrada ou nascida no coração ou na mente têm essa capacidade. 
Essa é a limitação intrínseca ao corpo e à mente. 

Como termos então essa elusiva plenitude?
Reconhecendo a nós mesmos como felicidade ilimitada, que não começa nem termina, e que não está condicionada por nenhum evento ou experiência. 
Renunciando à ilusão de que realizar os nossos desejos irá trazer felicidade em algum momento futuro.

Reconhecendo que a felicidade já está aqui, agora mesmo, na forma da pessoa simples que somos. Reconhecendo que ela sempre esteve aqui, e sempre estará.
Renunciando a fazer qualquer coisa para nos tornar felizes, pois já somos a felicidade que buscamos.

Pedro Kupfer

Sem comentários:

Enviar um comentário