sábado, 29 de agosto de 2015

Tomada do Xaile



Para alguns povos tribais, 
o Xaile simboliza o retorno ao lar 
e aos braços da Mãe Terra, 
e significa sentir-se envolvido 
pelo seu amor e protecção.


A cerimónia da Tomada do Xaile foi um ensinamento que surgiu com os Paiutes, numa época em que alguns desses povos nativos americanos não conseguiam mais viver no mundo dos brancos. Esses, que escolheram voltar para casa e abraçar os ensinamentos dos seus anciãos, foram os primeiros a Tomar o Xaile.

Para os índios, ele simbolizava o retorno ao lar.
Estamos num momento de recordar a nossa essência e os nossos potenciais.
Podemos voltar a ser como antes, um modo de ser que já fez parte do nosso passado e que ficou esquecido por uns tempos.
Podemos voltar para o encanto e a magia com os quais já convivemos, ou então para um novo estado de euforia e felicidade.
As mulheres incas usam os seus xailes presos por um broche, tupus, um artefacto que possibilitou aos arqueólogos identificar estátuas ou múmias como sendo do sexo feminino.

Quando membros da raça vermelha dos nativos americanos decidiram retornar aos ensinamentos dos seus ancestrais, chamaram este movimento de Tomada do Xale.
“O Xaile simbolizava o retorno ao lar e aos braços da Mãe Terra, e significava sentir-se envolvido pelo seu amor e pela sua protecção”, 
ensina-nos Jamie Sams, em "As Cartas do Caminho Sagrado".

A mesma ideia do xaile como os braços amorosos da grande mãe é expressa entre os celtas na figura de Brigid como a Senhora do Manto.
O manto da deusa não apenas cobre e protege todo o território, mas também envolve cada pessoa que recorre a ela por protecção. Os fios de que é tecido seu manto são os filamentos que conectam todas as coisas numa grande Teia de Vida.

O manto de Brigid fazia parte do equipamento das parteiras celtas, que o colocavam sobre a parturiente para assegurar um bom parto. Também era usado para envolver qualquer parte do corpo que estivesse dolorida ou ferida, porque ajudava na cura.

Universais e acolhedores, os xailes são símbolo de inclusão e amor incondicional, que envolvem, confortam, cobrem, abraçam, protegem e embelezam, escreve Janet Bristow que, junto com Victoria Galo, fez do prazer de tricotar e crochetar uma prática de espiritualidade feminina, criando xailes portadores de orações e bênçãos, para distribuir entre os necessitados de conforto.

Da próxima vez que usar um xaile, sinta a Grande Mãe envolve-la em seu abraço amoroso e protector. 
Nós Mulheres ao tomarmos o nosso Xaile retornamos à essência da Mãe Terra e vemos a Responsabilidade de firmar os nossos pés no Caminho Vermelho amando-nos a nós, e aos outros. Acolhendo os seus Filhos e despertando a Sabedoria Ancestral.

Tece o teu Xaile e retorna ao Lar, sendo abraçada pelos Braços da Mãe Terra.


Xamã Vera Lúcia

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