sexta-feira, 23 de outubro de 2015

LUATY



Um homem apresta-se a morrer para denunciar um regime.
Um homem encarna (a pele e osso) a palavra coragem.
Um homem que é um Homem contra 1000 ratos que são homenzinhos.
Um homem só é Homem quando é capaz de dizer Este Sou Eu.

Angola, a Angola dos ratos e homens.

Um dia, há anos, escrevi a história de um empresário português instalado em Luanda.
Era dono de uma loja de fotografia, casado com uma angolana.
Um dia passaram uns fulanos vindos da noite e quiseram prolongar a farra.
Viram a luz da loja acesa. Entraram. Um deles de apelido Van Dunen. Um deles senhor ministro.
A mulher do empresário estava na loja. Não estava só, mas eles, os senhores ratos, não sabiam.
Havia uma empregada que viria a ser a testemunha ocular de uma ronda de violações e crime. Deixaram a mulher do empresário de vagina e ânus exangues, de pescoço partido, e partiram, como javardos saciados, de snaita recolhida.
A empregada viu tudo e contou tudo o que viu.
O marido viúvo encontrou-se comigo no Ritz e falou e chorou e jurou enfrentar o regime, fosse aonde fosse. A história (publicada n’ O Diabo) deu brado e a TVI deu continuidade mediática.
Disseram que eu estava a soldo da UNITA, a par do capanga Rogeiro.
Perseguiram-me. Ameaçaram-me. Fizeram-me esperas à porta de casa e do jornal.
Processaram-me e ao jornal por abuso de liberdade de Imprensa.
Perderam sempre, até ao Supremo Tribunal.
Nunca fui a Angola. Nunca irei a uma Angola dominada por criminosos. Está tudo dito.
Está tudo escrito e mostrado.
Tudo o que distingue um país democrático de um país tomado pela mais profunda miséria, a que distingue os homens livres dos ratos.

Luaty é um mártir por histórias como esta.


Tiago Salazar


Esta é a África que eu conheço...esta é a Angola que eu conheço.
Todos os portugueses que estão lá a viver, quando vão a Portugal dizem que é um paraíso.
Que foi o melhor que fizeram ao irem para lá.

Pois, nem todos têm estômago para lá viver e assistir a isto diariamente, em prol de ganharem dinheiro à custa da miséria dos outros.



               


Uma em cada seis crianças angolanas morre antes de completar cinco anos.
Os dados da Unicef levaram Nicholas Kristof, colunista do The New York Times, até Angola para perceber este problema, numa reportagem de opinião no jornal norte-americano.

“Este é um país repleto de petróleo, diamantes e milionários que conduzem Porsches e crianças a morrer à fome”, inicia Kristof a sua reportagem sobre a mortalidade infantil em Angola.

Para além dos números preocupantes relativos à mortalidade infantil, os dados indicam ainda que mais de um quarto das crianças está fisicamente afectado pela subnutrição e que os casos de morte materna durante o parto são de 1 em 35.

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