quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O nosso mundo é privado até ser partilhado…




O que nos move tanto pode ser uma fantasia como uma forçada resolução, mas algo tem de nos mover…algo tem de colocar a dinâmica necessária nos nossos membros para que nos movamos, logo de manhã, na fibra do dia que se apresenta.

Seja porque o sol entra pela nossa cama adentro e nos faz sorrir, seja porque uma tarefa agendada nos enche de pressas…ou porque alguém, nos nossos pensamentos, nos chama…ou porque, simplesmente, nos acostumámos a uma rotina diária de acordar, levantar e fazer…qualquer coisa.
Mas alguma coisa tem de nos mover e é bom que seja uma dedicação interna à vida.

Acordar para um novo hoje com alegria para viver o que vier; levantar do entorpecimento do sono com a energia da descoberta, porque cada dia tem sempre surpresas, presentes escondidos nas dobras das horas...peças de um quebra-cabeças que nem temos pressa em finalizar.

Que nos mova a elasticidade dos nossos membros, a graça dos nossos movimentos, a vontade de construir novos castelos na terra, o pulsar da vida que nos rodeia, em tudo….saber que as árvores, as flores, os pássaros, continuam a crescer e a florescer num mundo onde temos a felicidade de partilhar.

Que nos movam os sonhos para além do sono…aqueles que alimentamos como queremos, a que damos vida.
O motivo pelo qual estamos aqui não pode ser abafado por estados interiores que nos roubam bocados de vida. É necessário batalhar por isto…é a boa batalha!

Somos os comandantes dos nossos dias e lideramos um batalhão dedicado de vontades, força criativa, desejos. Há fome de conquistar, de nos conquistarmos e, sendo honestos…há fome de conquistar um amor, uma posição tranquila do nosso coração, uma melodia interna que nos faça bailar.

O nosso mundo é privado 
até ser partilhado...
a partir daí, 
pertencemo-nos uns aos outros.

O que nos move é este fluxo contínuo de vida que percebemos inconscientemente…de uns para os outros, através dos finíssimos fios que nos ligam. A parte de cada um, no seu mundo, não poderá nunca parar tal fluxo.
Se alguma coisa nos prende a vontade de nos erguermos pela manhã e sorrir para o que é, ou aceitar o que nos é apresentado, essa coisa tem de ser identificada e resolvida porque nada deterá o grande movimento que tudo move.

Somos nós que estagnamos a vida e não o contrário.
A vibração está lá. As ondas continuam o seu movimento. As oportunidades estão lá. Se as estamos a travar é porque algo em nós não está a perceber que não existem impossíveis e que como filhos das estrelas temos a capacidade de, do nada, fazer tudo.
Temos a liberdade de nos deixarmos abater até quase pararmos o fluxo da vida, mas sabemos, porque sempre soubemos, que não é esse o propósito, nem o caminho, nem a glória.

Estamos aqui para vivenciarmos tudo porque só assim adquirimos o conhecimento necessário para ultrapassarmos as etapas várias da nossa evolução. Aprendemos muito cedo que o lume queima, mas depois passamos o resto da vida a criar novos fogos para nos queimarmos…as sombras mentais que alimentamos e nos tiram o ânimo, como se nunca tivéssemos aprendido a lição.

Se temos que criar fogos, que eles sejam sagrados, daqueles que incendeiam a alma com fulgores de completa paz. Que sejam fogos vivos de permanência que se estendem a quem nos rodeia…e se espalhem mais e mais, sem queimar, só incendiando de força imensa isto que é vida, pulsar que nos dá o ritmo para os grandes saltos que quisermos.
Que nunca sejam fogos-fátuos que nos deixam sem cor e sem beleza.

Alimentemo-nos de mais…de tudo.
Deixemos ir essa falta de vontade, essa quebra interior que nos depena as asas.
Os objectivos têm de ser da alma. O coração tem de estar inteiro. A alegria tem de brotar livre pelo deixar ir o que nos oprime...porque o que nos oprime é fruto da árvore que plantámos em nós, num qualquer momento, e que regámos até sem nos apercebermos do que estávamos a fazer.

Plantemos com afinco o nosso jardim para podermos em dia de descanso, reclinarmo-nos e apreciar a obra magnífica em profusão de cores e aromas….é nosso o jardim, é interior…está lá a marca das nossas mãos na terra revirada e na doçura das flores e na sabedoria das árvores fortes. Atraímos o cantar das aves…ah, atraímos sim, e damos por nós a cantar também em trinados que só nós escutamos.

Não desistamos de quem somos, mesmo que do exterior cheguem vozes que nos tentem convencer de tal coisa…somos surdos, surdos para o que não nos serve nem nos faz qualquer bem.
Fiquemos aqui marcando a vida com a nossa presença.


Alexandre Viegas

Sem comentários:

Enviar um comentário