segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Canção de mim Mesmo 23




Interminável desdobramento de verbos de eras!
E o meu é o verbo do moderno, o verbo da Massa.

Um verbo de fé que nunca empaca,
Aqui, ou daqui em diante, tudo é o mesmo para mim, aceito o tempo de modo absoluto.

Só ele não tem falha, só ele a tudo circunda e tudo completa,
Essa mística e desconcertante maravilha a tudo completa.

Aceito a realidade e não ouso questioná-la,
O materialismo saturando o alfa e o ómega.

Hurra para a ciência positiva! Vida longa para a demonstração exacta!
Alcança a erva-pinheira misturada com o cedro e os galhos de lilás,
Este é o lexicógrafo, este é o químico, este fez uma gramática de antigos cartuchos,
Estes marinheiros colocam o navio por mares perigosos e desconhecidos,
Este é o geologista, este trabalha com o escalpelo e este é um matemático.

Cavalheiros, para vós sempre as primeiras honras!
Vossos fatos são úteis, mas não são o meu domínio,
Apenas cruzo com eles numa área de meu domínio.

Minhas palavras são menos que lembranças de propriedades descritas,
E são mais as lembranças da vida oculta, e de liberdade e desenredo,
E fazem pouco caso de eunucos e castrados, favorecendo homens e mulheres totalmente equipados,
E batem o gongo da revolta, e acampam com fugitivos e com aqueles que tramam e conspiram.


in, Song of Myself
Walt whitman

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