quinta-feira, 3 de março de 2016

......................como uma pedra no sapato




Sempre que tentamos enganar-nos, escondendo a verdade sob as aparências, as dificuldades tornam-se mais e mais incomodativas. São como uma pedra no sapato, que teimamos em não descalçar. Pode ser que passe e assim não temos que parar.

Poderíamos sentar-nos em algum ponto do caminho, descalçando cuidadosamente o sapato e retirando a pedra, que é tão pequenina, mas que magoa tanto. Depois, aliviados, só teríamos que seguir em frente, felizes e contentes por termos feito aquilo que na realidade precisávamos mesmo de fazer.

Mas nós somos teimosos e arrogantes. Preferimos continuar com a pedra dentro do sapato, que magoa tanto que às tantas provoca uma pequena ferida.
Depois de muito caminharmos com essa pedrinha, acabamos por nos habituar à dor. Aliás, já nem sabemos viver sem ela. Até nos convencemos de que é confortável caminhar assim.

Mas não é!
Um dia, alguém nos vai dizer que coxeamos ao caminhar e nós ficaremos perplexos com essa informação.
Até podemos ficar ofendidos com tal afirmação.
Porém, isso ficará a ecoar dentro de nós e o nosso coração dilacerado por tamanha dor (lembram-se? Era só uma pedrinha!) acabará por nos ajudar a enfrentar a realidade.

Agora, rendidos, cansados, teremos mesmo que parar para cuidar daquele pé ferido, porque em vez de termos tido a coragem de retirar a pedra, ficámos com ela e sujeitámo-nos a todo o tipo de incómodo e agora temos uma grande ferida para cuidar.

Mas já que temos que o fazer, que seja com alegria no coração por finalmente termos tido a oportunidade de poder escolher agir de modo diferente.

Um novo processo se inicia, e não pode haver precipitações. Não podemos querer curar a ferida e todas as suas consequências no mesmo tempo que teríamos levado a retirar a pedra do sapato. Isso teria sido fácil e simples. Mas faltou-nos o discernimento e a serenidade interior para o fazer. Tínhamos pressa e queríamos provar aos outros que somos fortes e capazes.

Agora, é preciso agir com calma. Demore o tempo que demorar, e mesmo com cicatrizes e a coxear, iremos, certamente propiciar as condições ideais para encontrar a cura e a sanação necessárias ao reequilíbrio do nosso Ser.

Possamos nós encontrar o centro!


Eva Vilela Veigas

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