sábado, 19 de março de 2016

Frémito do meu corpo...




Frémito do meu corpo a procurar-te, 
Febre das minhas mãos na tua pele 
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel, 
Doido anseio dos meus braços a abraçar-te,

Olhos buscando os teus por toda a parte, 
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel, 
Que nada existe que a mitigue e a farte!

E vejo-te tão longe! Sinto a tua alma 
Junto da minha, uma lagoa calma, 
A dizer-me, a cantar que me não amas...

E o meu coração que tu não sentes, 
Vai boiando ao acaso das correntes, 
Esquife negro sobre um mar de chamas...


| Florbela Espanca |



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