terça-feira, 5 de abril de 2016

Odeio despedidas...




As lágrimas, os sorrisos forçados, os acenos contínuos até se perder de vista.
Depois o vazio, a garganta presa com as palavras que não se disseram, o frio, o medo de que tenha sido mesmo a última vez.
Por isso não me despeço de ti. 

Não quero ajuda com a bagagem, nem quero abraços na estação. Mas parto.
Despeço-me de ti com um daqueles beijos longos que dávamos e repetíamos vezes sem conta à ombreira da porta.
Talvez esta partida doa mais do que a última. 
A minha bagagem é mais pesada. 

Levo comigo a cor dos nossos sorrisos e o sabor dos teus lábios.
Ao longo desta viagem quero me desfazer do que é acessório. 
Por isso em cada lugar que visitar, quero-te esquecer aos bocadinhos.
Deixar que o sal faça arder todas as feridas e as comece a cicatrizar.

Quando voltar quero ter pouco de ti, em mim. Só o essencial. 
Para que não me esqueça que não és meu, que não me pertences.
Que os teu voos nunca serão comigo.
Sei-o desde do primeiro dia.
Talvez desde do primeiro olhar.
Acho que soube sempre isso.

E por isso mesmo permiti que me descobrisses.
Por isso mesmo deixei-me a descoberto.
Porque sei. Ou pelo menos é nisso que quero acreditar.
Adivinho nos teus olhos de sonho,
que não vais ficar tempo suficiente para te desiludires comigo.
Quando partires vais-me levar no coração com um sorriso.
Não te prendo. Não posso. És livre. E não és meu. 
Mas acredito que vais ser de alguém. 

Por isso parto. Sem despedidas. 


Maria da Lua


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