quarta-feira, 27 de julho de 2016

Os Buracos Negros e a Depressão...por Stephen Hawking




A mensagem desta palestra é que os buracos negros não são tão negros quanto parecem.
Eles não são as prisões eternas que pensávamos. E se não existe um “horizonte de eventos”, não há buracos negros, se considerarmos que eles funcionam como locais dos quais a luz não pode escapar para o infinito.

As coisas conseguem escapar para fora de buracos negros e possivelmente para outro universo. Então, se você se sentir dentro de um buraco negro, não desista – há uma saída. Eu acho que as pessoas têm o direito de encerrar a própria vida, se quiserem. Mas eu acho que seria um grande erro. Não importa quanto a vida possa ser ruim, sempre existe algo que você pode fazer, e triunfar. Enquanto há vida, há esperança.

Eu não tenho muita coisa boa para dizer da minha doença, mas ela me ensinou a não ter pena de mim mesmo e a seguir em frente com o que eu ainda pudesse fazer. Estou mais feliz hoje do que quando era saudável. Tenho a sorte de trabalhar com Física teórica, uma das poucas áreas em que a minha deficiência não atrapalha muito.

Quando a minha doença foi diagnosticada, nem eu nem os meus médicos esperavam que eu viveria mais 45 anos. Acho que o meu trabalho científico me ajudou a seguir adiante. Na primeira hora, eu fiquei deprimido. Mas a doença avançou mais devagar do que eu esperava. Comecei a aproveitar a vida sem olhar para trás. A minha doença raramente atrapalhou o meu trabalho. Isso porque tive a sorte de encontrar a Física teórica, uma profissão em que a minha doença quase não atrapalha. Faço o meu trabalho dentro da minha cabeça. Na maioria das profissões, teria sido muito difícil.

Medo de morrer eu não sinto, mas também não tenho pressa. Tem muita coisa que eu quero fazer antes. Todos nós vivemos com a perspectiva de morrer no fim. Comigo é exactamente igual, a diferença é que eu esperava a morte bem mais cedo. Mas ainda estou aqui.



Stephen Hawking
in, IFLScience 
Trecho da palestra que Stephen Hawking concedeu para 400 pessoas no Royal Institute em Londres.



A filha fez questão de destacar o quanto o pai estava bem no lado emocional e intelectual:

“Ele tem um desejo invejável de continuar, e a capacidade de usar toda a  sua reserva, sua energia e foco mental em direcção ao seu objectivo de prosseguir. Não só para sobreviver, mas transcender isso, produzindo um trabalho extraordinário – escrevendo livros, dando palestras, e inspirando outras pessoas com doenças neurodegenerativas e outras doenças incapacitantes”.


"Perante as doenças é preciso reavaliar os nossos dias.
Perante  doenças físicas e a nossa saúde mental é necessário reflectir: o que ela está a querer me ensinar? Paciência? Persistência? Humildade?

O tronco sofre os golpes do machado para que, derrubado, tenha uma nova utilidade.
A montanha de granito padece ao dinamite, a fim de que se abram veredas para o progresso.

A árvore enfrenta a poda, de modo a exuberar de flores e frutos, na ocasião oportuna.
Os grãos passam pela trituração e participam, com isso, da alegria da mesa farta.
O bloco de pedra suporta a acção do buril e do cinzel para que liberte a obra de arte que o artista projecta.
O violino resiste à distensão de suas cordas, de forma a permitir que o som harmonioso embalsame o ambiente com musicalidade".


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