segunda-feira, 4 de julho de 2016

"pré-visões" para Julho 2016 - e para o resto da Vida




Quatro palavras vêm à mente 
quando olhamos para 
os trânsitos astrológicos 
do mês de Julho: 

transição, luto, celebração, e fundação.


Escolhemos quatro, não de forma puramente arbitrária, mas porque quatro representa o quadrado, os limites e as condições da Vida material e encarnada, seja o tempo (quatro estações) ou o espaço (quatro pontos cardeais) - e, por extensão, um 'ponto' crítico, relacionado com tensão, imutabilidade (o quatro é o número da matéria, que é lenta e resistente à mudança - sendo que a mudança é, precisamente, o factor mais crítico a considerar aqui) e é, também, uma óptima metáfora para os quadrados - as caixas - dentro das quais vivemos.

E das quais estamos condenados a sair, pelo menos - enquanto houver Evolução.
E enquanto houver Vida,

Há Evolução.

Mas também escolhemos o quatro - a nossa opção não se baseia na numerologia, mas noutro tipo de raciocínio e noutra linguagem - porque acreditamos mesmo, depois de observar os Céus e os seus movimentos ao longo do mês de Julho, que são quatro os "pilares" energéticos da(s) Proposta(s) que temos pela frente:

Transição, luto, celebração e fundação


Transição, porque se toda a Vida é transição, e transitória - nas suas manifestações -, este é um mês que assinala cronologicamente, nas nossas biografias emocionais, sociais, e colectivas, uma mudança energética profunda - Agosto terá um "sabor", senão profundamente, pelo menos significativamente diferente.

Ao longo do mês de Julho, assistimos a uma passagem gradual do domínio da Água para o Fogo, que é como quem diz, das dinâmicas emocionais subjectivas e do mundo interior (como "sentimos", reagimos e interpretamos subjectivamente o que vai acontecendo "fora" e nos devolve para "dentro": como dizia o Goethe, "a man sees in the World what he carries in his own Heart" - e evidentemente, como se sente em função do que se "vê": é uma espécie de pescadinha de rabo na boca, até compreendermos o que significa "subjectividade" emocional e nos dedicarmos a observá-la, à nossa própria, como forma de auto-conhecimento e, eventualmente, libertação. A escritora Anaïs Nin escreveu, parece, "não vemos as coisas como elas são; vemo-las como nós somos". É o mesmo princípio)

uma passagem gradual - mas com uma "portagem" -

para uma maior exteriorização, acção, projecção sobre o mundo: maior entusiasmo, um novo impulso para acreditar e agir, expandir, voltar a direccionar energia para influenciar as circunstâncias e projectar nossos próprios ideais, crenças, e visões sobre o mundo

(em vez de nos sentirmos, como até aqui e no passado recente, profundamente impactados, surpreendidos, apanhados desprevenidos (alguns!)  e - de certa maneira - à mercê das circunstâncias exteriores, ou então, simplesmente sem energia ou interesse em voltar nossa atenção para o mundo exterior, mas antes, focados ou solicitados para cuidarmos dos nossos próprios assuntos e casas, famílias, raízes e países, literal e metaforicamente falando: os assuntos "domésticos" e familiares, emocionais, nacionais - eleições, referendos, políticas internas, etc. -, as nossas ligações de toda a espécie àqueles que nos importam, as nossas necessidades profundas, têm absorvido ou requerido grande parte da nossa energia. E com toda a legitimidade: há um tempo para cada propósito debaixo dos Céus. E quando chegarmos a Agosto, o "propósito" terá mudado. 
E Julho - com momentos dramáticos, e de clímax, mas como mês - é o mês dessa gradual transição).

Julho é também um mês de luto. Não necessaria ou exclusivamente luto por mortes físicas e perdas de pessoas queridas, conhecidas, amadas, e que são/foram significativas para nós (uma vez significativas, significativas para sempre: Caranguejo, um dos signos mais "fortemente activados" ao longo do mês, é o signo da memória emocional. Escrevi sobre isso no texto Solstício de Verão 2016 e talvez seja boa altura para o reler).

Mas é um mês de luto, que é como quem diz, um mês que nos permite, convida, e "obriga" a processar as transições necessárias e inevitáveis na Vida a que chamamos mortes: pequenas e grandes, simbólicas e literais, dramáticas ou mais pacíficas, mortes. O fim de um estado que antecede o nascimento de outro. O fim de uma forma que antecede o surgimento de outra. O fim de uma qualidade que antecede a emergência de outra. O fim de uma ligação - ou qualidade, tipo de ligação - e a oportunidade de criar, inventar, ou permitir uma outra.

O nascimento é uma morte para um estado anterior - e gravidez e a gestação. A adolescência é uma morte para a infância, um estado anterior de dependência. Talvez daí a necessidade rebelde de "independência" na adolescência. A adultez, também ela, é uma morte para um estado anterior, de (falsa, mas absolutamente necessária tentativa de) independência - e a aprendizagem da verdadeira maturidade, que é a inter-dependência.

E a maturidade é, definitivamente, uma morte para um estado anterior: aquele em que (ainda) vivemos aquém de nós próprios e do nosso próprio potencial e de Verdade mais autêntica, específica, única, criativa, irrepetível, sem modelos ou moldes que nos digam quem somos, o que somos, o que devemos ser: pois é a nossa própria Vida a oportunidade de o descobrirmos, e darmos uma resposta absolutamente nova - a nossa! - a essas mesmas questões: isto é, se tivermos a audácia, o amor-próprio, a confiança, a fé e a coragem de "verdadeiramente" Viver.

Um dos desafios grandes, na vida, é precisamente a resistência humana à maturidade, pois algures no fundo de nós sabemos, acreditamos ou imaginamos que o estado que se segue à maturidade é a morte. Talvez isso explique a insistência em permanecer imaturo. É uma forma (tentada, imaginada, inconsciente) de adiarmos a "morte", que tendemos a temer na justa medida em que não estejamos realmente a Viver.

Isto, para não falar de todos os outros motivos pelos quais permanecemos fixados nos estádios anteriores de desenvolvimento: o estado fusional e não diferenciado/separado da gestação; o estado dependente da infância; o estado rebelde da adolescência; o estado adaptado, mas não autêntico, de um adulto ainda não maduro.

Mas este mês - Julho de 2016, e daqui em diante; escreve isto: Julho de 2016 e daqui em diante, porque aqui se encerra (ou se abre) uma oportunidade única de aproveitar, e que terá (no sentido em que todo o presente é semente do futuro) repercussões sobre todas as tuas possibilidades e escolhas no futuro -

este mês, dizia, é um portal tremendo de oportunidade - e será um desafio a quem se recusa amadurecer, viver, aceitar o fluxo inevitável da Vida -, sendo ao mesmo tempo um convite tão belo: o convite a celebrar a Vida, o melhor que pudermos, por forma a que a "morte" não seja a oportunidade irremediavelmente perdida de celebrar enquanto é possível: o Amor, a gratidão, a ligação, os afectos, o prazer, a alegria, as relações, as amizades, e tudo aquilo que alimenta e preenche o espírito humano enquanto o espírito humano por aqui anda a reconhecer-se e desdobrar-se em oportunidades e glórias.

De modo que, ao convidar-nos a aceitar e processar a inevitabilidade dos lutos e das despedidas (de pessoas, de relações, de ideais, de fantasias, de expectativas, de relações familiares, de referências e objectos, humanos ou não, significativos, e de memórias que persistem até serem abençoadas, integradas, e aceites - e que depois passam a estar simplesmente disponíveis para serem evocadas, com prazer, ou alegria, ou gratidão, ou comoção, mas sem nos angustiarem, entristecerem ou paralisarem, como nos fazem as memórias ainda não integradas),

este mês de Julho

- por esse mesmo motivo, e nessa justa medida - é um extraordinário convite à celebração. Celebração da Vida que nos corre dentro e é ampliada por tudo o que de nutritivo, autêntico, generoso, luminoso, livre, positivo, divino, existe - quer dentro, quer ao redor, sendo que a relação entre um e outro não é propriamente fruto do "acaso", da sorte ou do azar: mas ressonância energética. Quando celebro, agradeço, expresso gratidão, generosidade e Vida, a Vida costuma ressoar e devolver-nos essa mesma vibração.
Como diz uma frase atribuída a Einstein, "tudo é Energia e isso é tudo o que há. Sintonize uma frequência e, inevitavelmente, essa é a realidade o que você terá. Isso não é filosofia. É física."

A celebração é igualmente um portal de reconciliação e pacificação com tudo o que vai, com tudo o que É, com tudo o que foi. Agradecer, perdoar, despedir, fazer o elogio e a elegia e o agradecimento e o enaltecimento e expressar as riquezas e conquistas possibilitadas por tudo ter sido o que foi, como foi, e graças a ter sido: tudo isso cabe na celebração, que é um portal de oportunidade contido no luto.

Expressar gratidão. Expressar a dor do arrependimento. Pedir desculpas e ter a humildade de se perdoar a si próprio por não ter sido capaz de ter feito melhor - o contrário disso é arrogância e auto-exigência desnecessária e contra-produtiva. Abençoar. Comover. Rir e chorar. E depois, deixar ir.

Porque a celebração é um portal de reconciliação com as mortes de que a Vida se faz, com os lutos necessários que a Vida exige, e é uma das formas - das possíveis - das mais humildes, e generosas, de agradecer e aceitar a Vida como ela é. Como ela foi. E como ela nos permitiu, a nós próprios, sermos, e tornarmo-nos.

Julho fala-nos de lutos, de lutos necessários - e de lutas, desnecessárias, para resistir ao que É. Não me interessa absolutamente nada, neste texto, falar "astrologuês", mas introduzo esta referência astrológica: durante praticamente todo o mês, Marte 'cobre' os últimos graus de Escorpião, reactivando assim os ecos, e trazendo assim a conclusão provisória, de todos os processos decorridos e propostos desde que Saturno transitou, ele próprio, em Escorpião: entre Outubro de 2012 e meados de Setembro de 2015.

E esse foi - digam o que disserem - um período dramático (no sentido mais lato) para todos nós, em que fomos obrigados a lidar com muita, muita coisa de dentro de nós, das nossas histórias, dos nossos desejos, das nossas dores, dos nossos medos, dos nossos traumas, dos nossos desejos, das nossas relações disfuncionais, magoadas ou doentias, da nossa profunda e tantas vezes inadmitida necessidade de cura, e de maior poder pessoal, e de maior integração, e do fim de dependências psíquicas e mecanismos perversos, tóxicos, e auto-destrutivos - e no processo - que passou provavelmente por mortes, separações dolorosas e quase impossíveis, que se arrastaram (e se calhar ainda arrastam, neste preciso momento: é disso mesmo que falamos como uma das chaves de Julho de 2016), com avanços e retrocessos, como uma morte cronicamente anunciada mas que nunca mais se dá, ou nunca mais se dava, e se calhar ainda nem se deu, e por entre tantos estertores, e durante todo este processo, meu deus!, a quantidade de conquistas, realizações internas, e poder pessoal libertámos -

no processo, dizia eu, algo em nós mudou para sempre.

Repito: mudou para sempre.

Escrevi longamente sobre isso no texto "À laia de retorno: Saturno em Escorpião", e talvez esta seja uma boa altura para o reler.


É que durante este mês de Julho de 2016, Marte está a ajudar-nos, a permitir-nos, e a "obrigar-nos" a concluir esses processos e a tratar dos últimos resquícios do que ainda ficou - natural e legitimamente - por aceitar deixar para trás.

Julho é portanto uma espécie de "etapa final" no processo de deixar para trás uma velha pele. Aquela com que entrámos em Outubro de 2012 e achávamos, ingloriamente, que íamos continuar a levar pela vida fora. Mas não. Tivemos que a deixar para trás, já tirámos a maior parte dela, e agora - é só acabar de eliminar as últimas escamas.

O que nos traz à última palavra-chave, ou ao último "pilar energético", ou "ponto cardeal", deste mês de Julho - em que algo muda, definitiva e qualitativamente, e para sempre:

A fundação.

A fundação refere-se ao estabelecimento de uma nova "casa interna" onde habitar. Há quem lhe chame Coração: "Possa eu habitar no Coração".

A "casa interna" é a base mais autêntica, sólida, fiável, acolhedora, sustentadora, e abundante que cada um de nós pode - e deve, digo eu - construir dentro de si próprio.

...

A fundação é o processo de nos enraizarmos mais profundamente dentro de nós mesmos. Há quem lhe chame Caranguejo, e o mês começa (no dia 4 de Julho) com uma Lua Nova nesse Signo (oposta a Plutão, e em trígono a Neptuno). A Lua Nova significa o início de uma nova Consciência, de uma nova relação (interna, antes de mais) com um determinado Arquétipo, ou Qualidade, na Vida.

Então o mês começa com a proposta muito clara de um novo - um renovado, melhor dito - senso de enraizamento dentro de nós próprios, como quem cuida das suas raízes e se transplanta para um solo (energético, psíquico, físico, emocional) mais nutritivo e securizante pela força da sua própria decisão e Vontade. Essa parece ser a condição principal para podermos vir a desenvolver-nos ainda mais saudáveis, vivos, seguros, confiantes (em nós próprios e na Vida), e desenvolver sólidos troncos verticais que crescem em direcção ao Céu, ramos e galhos e folhas e frutos tenros, suculentos, carnudos, nutritivos - e doces.

Isso pode implicar, como está implícito - e explícito - desde o início deste texto, o fim de velhas ligações, dinâmicas familiares, projectos, dependências, lugares, pessoas, sítios, casas, e de tudo o que de alguma forma - sob alguma forma - já representou no passado (e a palavra-chave, aqui, é mesmo essa: passado) alguma forma de segurança, pertença, familiaridade, e experiência de que guardamos, mais ou menos gratas, as memórias.

A oposição da Lua Nova do dia 4 de Julho a Plutão indica o fim de um "solo" - e a promessa de um novo enraizamento dentro de nós próprios. Mesmo porque, em vernáculo, em Julho há mamas, mamãs, e manhas manhosas a morrer.

Mas não só.

O trígono a Neptuno convida-nos (é um convite, aceita-o quem queira) a enraizarmo-nos não só, ou não propriamente, dentro de nós próprios, mas na própria Vida: não só "dentro" das nossas próprias raízes emocionais e psicológicas, e nas nossas pequenas vidas pessoais e nos nossos pequenos quintais, mas na própria Existência.

De onde, surge uma pergunta necessária, fundamental, urgente, e reveladora: 


  • Quando dizes "eu", quão grande - colectivo - é esse eu? 
  • Quanto mundo lhe cabe dentro? 
  • Quanta humanidade abraça? 
  • Quanta Vida inclui? 
  • Quanto espaço tem?


... é que na medida em que não seja um "eu, tudo, eu, nós, a Vida - é tudo Um, somos todos Um, sou Um com a Vida Toda e a Vida sou eu - eu sou Vida, e isso é Tudo o que eu sou"

- eu, tu, eles, nós, vós, eles: Vida - uma Vida. Uma.

hUmanidade.

na medida em que a tua resposta à pergunta "a que é que te referes quando dizes 'eu'?" não seja global, inclusiva, universal, unânime (que significa, literalmente, "uma só Alma"),

então tens uma ampliação de raízes por fazer.

Recorda - mesmo que não te lembres de mais nada do que aqui ficou escrito, porque isto vai-te servir o resto da Vida - o que te vou contar a seguir:

Uma vez perguntaram a um mestre espiritual:
- Mestre, como é que eu devo tratar os outros?
E o mestre respondeu:
- não existem outros.

De modo que,

cuida bem de Ti. Para que possas cuidar bem dos "outros". Que não são nada de essencialmente diferente ou distinto de Ti própri@.

E lidares com o que ainda te mantém aquém desse Ser nobilíssimo e imenso que És,

saíres de dentro dessa pequena caixa quadrada onde tens vivido, mesmo que já lhe andes a arredondar as pontas há um tempo,

lidares com tudo quanto ainda te impede de aceitar e Amar a Vida no que ela É,

contemplá-la e honrá-la na sua Beleza, Imensidão, Infinita Generosidade e Amor,

(sendo que o Amor, és Tu que o fazes)

essa é a "pré-visão" para Julho

e se queres saber,

para o resto da (tua) Vida *

portanto,

já sabes:

aceita * despede-te * celebra * enraíza-te na Existência *



Nuno Michaels



Emocionada!!
Assim foi...assim está a ser...


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