domingo, 11 de dezembro de 2016

Céu de Amianto





porque nos tornaram assim estreitos
assim impossíveis de asas
assim cautelosos de falas
acanhados, espreitados
fizeram de nós uma ameaça

assaltaram nossa alma, revistaram
nossas gavetas, deixaram
marcas na nossa intimidade
mexeram coisas sutis em nosso passado
nos transformaram em bichos acuados
servis, obedientes.

Não sei resolver o mundo, eu mal resolvo
meu próprio coração
e tudo me consome.

Mas sei que há uma luta. Não existe assombração.
Nesse mundo desincerto
tudo é o homem.



BRUNA LOMBARDI
in, O Perigo do Dragão


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