terça-feira, 28 de março de 2017

Lição de Mestria dos Gatos



O ser humano ainda não iluminado pela sua consciência espiritual quanto aos valores reais ou relativos, deixa o seu mental apoiar os desejos instintivos do seu ser inferior, cujas exigências anárquicas criam tumultos de aceleração de impaciência, e de caprichos incoerentes.

Sofrendo dessas influências, o Autómato humano assemelha-se a certo tipos de animais. 
O cão treme de impaciência diante do osso avidamente desejado. 
A inconstância do macaco é típica pela sua dispersão de ideias. 
A agitação da mosca lança-a para a armadilha da aranha. 
A pressa é a preocupação da abelha pelo dever social; 
é também a inquietação da formiga que tem sempre qualquer coisa que fazer, mas que se precipita em voltas supérfluas, sabendo a direcção, mas não a maneira de contornar os obstáculos.


Ao contrário de outros animais 
que nos dão uma lição de mestria, 
sendo exemplo disso o gato 
cuja sabedoria é um modelo 
porque junta a maior paixão 
à mais indiferente calma.


Na sua imobilidade reflecte o seu salto, sempre exacto;
a força dos seus rins é proporcional ao relaxe do seu sono:
há no seu sono, o abandono da criança recém-nascida,
enquanto que o seu instinto está sempre de vigília;
a sua leveza sem resistência torna a sua queda sem perigo;
Caça e luta são para ele alegria do jogo: ele caça sem ódio e joga sem finalidade;
constantemente pronto ao ataque sem animosidade,
e pronto a defender-se sem apreensão:
vencedor indiferente, ele nunca é vencido.
A serenidade é o fruto da independência.


Cria em ti esta independência, que não é indiferença, mas neutralidade face às impressões recebidas do exterior: 
bonito e feio, bom e mau, alegre ou triste, agradável ou penível... 
Uma coisa é discernir as qualidades, outra é deixá-las afectar a nossa disposição. 



in, A Abertura do Caminho
Isha Schwaller De Lubicz




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