terça-feira, 21 de março de 2017

PORQUE É QUE AS MULHERES ESTÃO MAIS PRÓXIMAS DA ILUMINAÇÃO


Michael David Adams




Os obstáculos à iluminação são os mesmos 
para os homens e para as mulheres?


São sim, mas a ênfase é diferente. 
De uma maneira geral, é mais fácil para a mulher sentir e estar no seu corpo, pelo que ela está mais perto do Ser e potencialmente mais perto da iluminação do que um homem.
Foi por essa razão que culturas antigas escolheram por instinto figuras ou analogias femininas para representarem ou descreverem a realidade sem formas e transcendental. Eram muitas vezes consideradas como um útero que dá à luz tudo o que existe na criação e que o sustém e nutre durante a sua vida como forma.

No Tao Te Ching, um dos livros mais antigos e profundos alguma vez escritos, o Tao, que poderá ser traduzido por Ser, é descrito como "infinito, eternamente presente, a mãe do universo".  Naturalmente, as mulheres estão mais próximas dele do que os homens porque elas "incorporam" o Não-Manifesto.
Para além disso, todas as criaturas e todas as coisas acabam por regressar à Fonte.
"Todas as coisas desaparecem no Tao. Só ele perdura."

E como a Fonte é considerada feminina, a sua representação inclui tanto o lado da luz como o das trevas do arquétipo feminino na psicologia e na mitologia.
A Deusa ou Mãe Divina tem dois aspectos: dá a vida e tira a vida. 

Quando a mente subiu ao poder e os seres humanos perderam o contacto com a realidade da sua essência divina, começaram a pensar em Deus como uma figura masculina. A sociedade foi dominada pelos homens e as mulheres ficaram subjugadas à autoridade masculina.

Não estou a sugerir que se regresse às antigas representações femininas do divino. Há hoje quem use o termo Deusa em vez de Deus.
Está-se apenas a recuperar o equilíbrio entre o masculino e o feminino há muito perdido, e isso é bom. Mas continua a ser uma representação e um conceito, talvez temporariamente útil, tal como um mapa ou um poste de sinalização são temporariamente úteis, mas mais um impedimento do que uma ajuda quando se está pronto a compreender a realidade para além de todos os conceitos e imagens. 

O que continua a ser verdade, no entanto, é que a frequência da energia da mente  parece ser essencialmente masculina. A mente resiste, luta pelo controlo, usa, manipula, ataca, tenta agarrar e possuir, etc. É por isso que o Deus tradicional é uma figura patriarcal e autoritariamente dominadora, um homem muitas vezes colérico de quem se deve ter medo, como parece sugerir o Velho Testamento.

Esse Deus é uma projecção da mente humana. 

Para transcender a mente e voltar a ligar-se à realidade profunda do Ser, são precisas qualidades muito diferentes: rendição, aceitação, uma abertura que permita à vida ser em vez de a ela resistir, a capacidade de abraçar todas as coisas com o amor do seu saber. Todas estas qualidades estão muito mais intimamente relacionadas com o princípio feminino. 

Enquanto que a energia da mente é dura e rígida, a energia do Ser é suave e maleável, e apesar disso é infinitamente mais poderosa do que a mente.
A mente governa a nossa civilização ao passo que o Ser está encarregado de toda a vida no nosso planeta e  para além dele. O Ser é a própria Inteligência cuja manifestação visível é o Universo físico.

Embora as mulheres estejam potencialmente mais próximas dele, os homens também  podem ter acesso a ele no interior de si próprios. 
Actualmente, a grande maioria dos homens e também das mulheres continuam nas garras da mente: identificados com o pensador e com o corpo de dor. 

Evidentemente, é isso que impede a iluminação e o desabrochar do amor.
Como regra, o maior obstáculo para os homens tende a ser a mente que pensa e o maior obstáculo para as mulheres tende a ser o corpo de dor, embora em certos casos individuais o oposto também possa ser verdadeiro, e noutros os dois factores possam ser iguais.




in, O Poder do Agora
8- Relacionamentos Iluminados
ECKART TOLLE





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