quarta-feira, 26 de abril de 2017

Eu sou um cemitério que a lua abomina


Jörg Heidenberger





Mesmo uma cómoda entulhada com lembranças,
Notas velhas, cartas de amor, fotografias, recibos,
Deposições judiciais, cachos de cabelo em tranças,
Esconde menos segredos do que o meu cérebro
[poderia produzir.
É como uma tumba, um cemitério de indigentes
[cheio de corpos,
Uma pirâmide onde os mortos se deitam às
dezenas.
Eu sou um cemitério que a lua abomina.


Charles Baudelaire






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