domingo, 9 de abril de 2017

Já fui...




já fui julgada até crucificada
já fui enaltecida e muito amada
já fui certa e errada
já julguei e condenei
me arrependi e me desculpei
já fiz de tudo um pouco porque meu verbo é solto
se sinto, preciso falar, se me incomoda tenho que questionar
mal interpretada costumo ser mas o que posso fazer quando preciso dizer o que vai dentro do meu coração e bole com a minha emoção
já fui injusta com quem não deveria ser e cruel com quem fez por merecer
já fui bondosa e companheira
já fui até a enfermeira de vidas que desabavam
já fui bombas que estouravam em meio a guerras devastadoras
já fui a doutora que curou um coração que se feriu por amor
já fui a personagem esquecida e a atriz principal.
já fui recatada e imoral
já fui alguém que o vento levou e que trouxe, de volta, por um favor
já acertei e errei adoeci e me curei
já pedi e implorei
já cedi, vendi e dei
já me culpei e me torturei por tantas coisas que nem sei
já corri muito atrás mas era longe demais e não consegui chegar
já rasguei lembranças que não prestavam mais
já remexi o lixo para achá-las e de volta, na gaveta, colocá-las
já fiz de tudo um pouco afinal sou normal, só não posso revelar o etc. e tal


Martha Medeiros




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