terça-feira, 17 de outubro de 2017

A Meditação do Osho





Não há necessidade de meditar todo o tempo.
Umas poucas vezes no dia e apenas por uns poucos minutos é o bastante.

Existem algumas poucas coisas que se fizer demais podem ser prejudiciais.
Por exemplo, os últimos estudos dizem que se você fizer algum exercício corporal por vinte minutos e depois fizer o mesmo exercício por quarenta minutos, o benefício não será dobrado. E se você fizer por sessenta minutos o benefício se tornará prejudicial.
É exatamente como quando você come algo que é benéfico.
Se você comer muito não será benéfico, isso se tornará prejudicial.
Assim, a matemática comum não funciona.

Sempre que você encontrar tempo, apenas por uns poucos minutos, relaxe o sistema de respiração, nada mais – não há necessidade de relaxar o corpo inteiro. Sentado num autocarro, ou num avião, ou num carro, ninguém perceberá que você está fazendo alguma coisa. Apenas relaxe o sistema de respiração. Deixe que ele seja como quando ele está funcionando naturalmente. Então feche os olhos e observe a respiração entrando, saindo, entrando, saindo...
Não concentre.
Se você concentrar, irá criar problemas, porque então tudo se tornará uma perturbação.
Se você tentar se concentrar sentado num carro, então o barulho do carro se tornará uma perturbação, a pessoa sentada ao seu lado se tornará uma perturbação.

Meditação não é concentração. Ela é simples consciência. 
Você simplesmente relaxa e observa a respiração. 
Em tal observação, nada é excluído. 
O carro está fazendo barulho – isso está perfeitamente Ok, aceite isso.
O trânsito está movimentando – isso está Ok, faz parte da vida.
A pessoa sentada ao seu lado está roncando, aceite isso. Nada é rejeitado.
Você não tem que estreitar sua consciência.

Concentração é um estreitamento de sua consciência de modo que você se torne focado num ponto, mas tudo mais se torna uma concorrência.
Você está brigando com tudo mais porque você tem medo de que aquele ponto seja perdido.
Você pode se distrair e isso se torna uma perturbação.
Por isso você precisa de isolamento, dos Himalaias.
Você precisa ir a Índia e para um quarto onde você possa sentar-se silenciosamente, sem ninguém perturbando você de modo algum.
Não, isso não é certo – isso não pode se tornar um método de vida.
Isso é isolar a si mesmo.

Isso tem alguns bons resultados – você se sente mais tranquilo, mais calmo – mas esses resultados são temporários. É por isso que você sente repetidas vezes que aquela sintonia foi perdida. Uma vez que você não tenha as condições nas quais ela pode acontecer, ela se perde.

A meditação na qual você precisa de certos pré-requisitos, na qual certas condições precisam ser atendidas, não é meditação de modo algum – porque você não será capaz de fazê-la quando estiver morrendo. A morte será uma dispersão. 
Se a vida dispersa, pense sobre a morte.
Você não será capaz de morrer meditativamente, e então toda essa coisa é inútil, é perdida. 
Você novamente morrerá tenso, ansioso, na miséria, no sofrimento e criará imediatamente o seu próximo nascimento no mesmo padrão.
Deixe que a morte seja o critério.
Qualquer coisa que possa ser feita mesmo enquanto você estiver morrendo é real – e isso pode ser feito em qualquer lugar; em qualquer lugar e sem condições como requisito.
Se algumas vezes as boas condições estiverem ali, tudo bem, você desfruta delas. Se não, isso não faz qualquer diferença. Mesmo na praça do mercado você pode fazê-la.

Não deve haver qualquer tentativa de se controlar a respiração, porque todo controle é da mente, assim a meditação nunca pode ser uma coisa controlada.
A mente não consegue meditar.
Meditação é alguma coisa além da mente, ou abaixo da mente, mas nunca na mente.
Assim, se a mente permanecer observando e controlando, isso não é meditação; isso é concentração.
Concentração é um esforço da mente, ela traz as qualidades da mente ao seu ponto máximo. Um cientista se concentra, um soldado se concentra, um caçador, um pesquisador, um matemático, todos se concentram. Essas são atividades da mente.

A qualquer tempo medite.
Não há necessidade de ter um tempo pré-determinado.
Use qualquer tempo que tiver disponível. 
No banheiro, quando você tiver dez minutos, simplesmente sente-se debaixo do chuveiro e medite. De manhã, depois do almoço, por quatro, cinco vezes, em pequenos intervalos – apenas de cinco minutos – medite, e você verá que isso se tornará uma constante nutrição.
Não há necessidade de fazê-la por vinte e quatro horas.
Apenas uma xícara de meditação é o bastante. Não precisa beber todo o rio. Apenas uma xícara.
E faça isso o mais fácil possível. O fácil é o certo. Faça o mais natural possível. 
Simplesmente faça quando você encontrar tempo.

E não faça disso um hábito, porque todos os hábitos são da mente e, na verdade, a pessoa real não tem qualquer hábito.



OSHO 
in, Nothing to Lose But Your Head 
Cap. 5





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