segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

SEM QUE SOUBESSES





Falei de ti com as palavras mais limpas,
viajei, sem que soubesses, no teu interior. 
Fiz-me degrau para pisares, mesa para comeres,
tropeçavas em mim e eu era uma sombra 
ali posta para não reparares em mim. 

Andei pelas praças anunciando o teu nome,
chamei-te barco, flor, incêncio, madrugada. 
Em tudo o mais usei da parcimónia
a que me forçava aquele ardor exclusivo. 

Hoje os versos são para entenderes. 
Reparto contigo um óleo inesgotável
que trouxe escondido aceso na minha lâmpada 
brilhando, sem que soubesses, por tudo o que fazias. 



Fernando Assis Pacheco 
in, A Musa Irregular





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